Nos balanços
como na vida acabamos por valorizar as partes boas e apagar involuntariamente as menos
boas. Este exercício comove-me sempre por resumir em poucas linhas o que vivi num ano inteiro.
Este ano foi um ano marcadamente difícil e verdadeiro, mas, e também por isso mesmo, um ano vivido intensamente. Tenho
aprendido da forma mais complicada o quanto custa ser feliz. E embora consiga centrar as minhas emoções no essencial e fazer
concessões, às vezes é-me extremamente difícil, sobretudo no que diz respeito ao Afonso. A guarda está longe de funcionar de forma perfeita não obstante os meus esforços.
Os últimos dias do ano foram assim.
Espero que o novo ano lhe traga a sabedoria de pensar no
melhor para o Afonso e que nos traga a todos um ponto de equilíbrio que
funcione.
Este foi sem dúvida um ano de batalhas
difíceis, uma das quais ainda não sei se ganha. Expectante em relação à evolução. Gostava muitíssimo de concretizar este sonho.
Foi também
o ano em que apanhei mais aviões e mais viajei cá dentro e lá fora. Foi o ano
em que conheci o Peru e a Colômbia e me apaixonei por Corto Maltese num
Expresso tipo «Oriente». Foi um dos anos em que li mais e em que descobri
grandes autores. Guardo com carinho Carlos Ruiz Zafón. Renovei com alma esta paixão de ler.
Foi o ano em que me convidaram para ir à SIC falar do meu livro. Foi também o
ano em que descobri verdadeiramente Hitchcock (e ainda tanto por descobrir) os
cameos, as musas, os filmes mais antigos e os mais recentes e o denominador comum -
o génio. Descobri também que adoro coco e anchovas, e que o chá é a melhor bebida no
Verão ou no Inverno, mas sem excessos.
Este foi
também o ano em que a nossa família cimentou e cresceu. Em que este amor que
encontrámos fez todo o sentido. Foi o ano em que reconstruímos algumas coisas,
fizemos um ginásio e algum exercício (não tanto como gostaria) e participei em
(apenas) uma corrida. Foi um ano em que os meus amigos foram a minha segunda
família e em que por isso mesmo algumas mudanças me custaram como minhas. Em
2013 abracei a minha querida Juliana de novo e matei saudades. E terminei o ano
ao pé de algumas das minhas pessoas mais importantes, e sempre perto do meu
melhor amigo.
Neste ano
vi o meu filho crescer tão depressa, sair da cama de grades e aprender a fazer
tantas coisas sozinho. Já escreve o seu nome, já conhece as letras, já sabe
contar. Já pinta dentro dos traços e usa todas as cores do arco-íris. Ri às
gargalhadas todos os dias, mas também já faz muitas birras para levar a dele
avante. É o menino mais meigo e doce e o maior beijoqueiro que conheço, mas os
meus beijinhos só podem ser para ele. É muito ciumento da mãe e não me divide
com ninguém. Adora a minha sopa e as minhas massagens, adora brincar aos Legos
e no computador, e é o maior fã da sua idade de Star Wars desde que no Natal
passado comprámos um boneco à outra «criança» lá de casa. Teve pela primeira vez
uma festa de anos com os colegas da turma dele das Turtles. Adora que lhe leiam
histórias e não vai para a cama sem uma. Por ele passava o dia aos saltos. Tem
mau perder mas não se importa de dividir ou partilhar. Tem duas crianças que
adora de paixão, o mano Manuel e a Mafaldinha. Este ano fomos a alguns museus,
ao teatro, ao cinema, à praia, andar de patins na neve falsa, e de prancha de
surf (pequenina) na piscina. Saltámos em insufláveis (eu também com ele),
fizemos experiências, bolos, plasticinas e pinturas. Todos os dias o acordei
com um bom dia alegria e o deitei com um beijo até à lua. E se de manhã tomámos
o pequeno-almoço abraçados a ver desenhos animados, à noite só adormeceu de mão dada à minha. E se já vai aprendendo com os seus erros, o certo é que os beijos
da mãe continuam a curar tudo.
Que em 2014
eu tenha a força e a coragem de ultrapassar com a mesma garra as adversidades,
amar muito e ser feliz. Este ano que passou sei
que fui a mulher que sempre desejei ser – super-mãe, mulher apaixonada, corajosa, forte, aventureira e destemida (q.b. que Matchu Pitchu é alto como tudo!!!).