9.1.14

Um género de balanço


Nos balanços como na vida acabamos por valorizar as partes boas e apagar involuntariamente as menos boas. Este exercício comove-me sempre por resumir em poucas linhas o que vivi num ano inteiro.
Este ano foi um ano marcadamente difícil e verdadeiro, mas, e também por isso mesmo, um ano vivido intensamente. Tenho aprendido da forma mais complicada o quanto custa ser feliz. E embora consiga centrar as minhas emoções no essencial e fazer concessões, às vezes é-me extremamente difícil, sobretudo no que diz respeito ao Afonso. A guarda está longe de funcionar de forma perfeita não obstante os meus esforços. Os últimos dias do ano foram assim. Espero que o novo ano lhe traga a sabedoria de pensar no melhor para o Afonso e que nos traga a todos um ponto de equilíbrio que funcione.

Este foi sem dúvida um ano de batalhas difíceis, uma das quais ainda não sei se ganha. Expectante em relação à evolução. Gostava muitíssimo de concretizar este sonho.

Foi também o ano em que apanhei mais aviões e mais viajei cá dentro e lá fora. Foi o ano em que conheci o Peru e a Colômbia e me apaixonei por Corto Maltese num Expresso tipo «Oriente». Foi um dos anos em que li mais e em que descobri grandes autores. Guardo com carinho Carlos Ruiz Zafón. Renovei com alma esta paixão de ler. Foi o ano em que me convidaram para ir à SIC falar do meu livro. Foi também o ano em que descobri verdadeiramente Hitchcock (e ainda tanto por descobrir) os cameos, as musas, os filmes mais antigos e os mais recentes e o denominador comum - o génio. Descobri também que adoro coco e anchovas, e que o chá é a melhor bebida no Verão ou no Inverno, mas sem excessos.

Este foi também o ano em que a nossa família cimentou e cresceu. Em que este amor que encontrámos fez todo o sentido. Foi o ano em que reconstruímos algumas coisas, fizemos um ginásio e algum exercício (não tanto como gostaria) e participei em (apenas) uma corrida. Foi um ano em que os meus amigos foram a minha segunda família e em que por isso mesmo algumas mudanças me custaram como minhas. Em 2013 abracei a minha querida Juliana de novo e matei saudades. E terminei o ano ao pé de algumas das minhas pessoas mais importantes, e sempre perto do meu melhor amigo.

Neste ano vi o meu filho crescer tão depressa, sair da cama de grades e aprender a fazer tantas coisas sozinho. Já escreve o seu nome, já conhece as letras, já sabe contar. Já pinta dentro dos traços e usa todas as cores do arco-íris. Ri às gargalhadas todos os dias, mas também já faz muitas birras para levar a dele avante. É o menino mais meigo e doce e o maior beijoqueiro que conheço, mas os meus beijinhos só podem ser para ele. É muito ciumento da mãe e não me divide com ninguém. Adora a minha sopa e as minhas massagens, adora brincar aos Legos e no computador, e é o maior fã da sua idade de Star Wars desde que no Natal passado comprámos um boneco à outra «criança» lá de casa. Teve pela primeira vez uma festa de anos com os colegas da turma dele das Turtles. Adora que lhe leiam histórias e não vai para a cama sem uma. Por ele passava o dia aos saltos. Tem mau perder mas não se importa de dividir ou partilhar. Tem duas crianças que adora de paixão, o mano Manuel e a Mafaldinha. Este ano fomos a alguns museus, ao teatro, ao cinema, à praia, andar de patins na neve falsa, e de prancha de surf (pequenina) na piscina. Saltámos em insufláveis (eu também com ele), fizemos experiências, bolos, plasticinas e pinturas. Todos os dias o acordei com um bom dia alegria e o deitei com um beijo até à lua. E se de manhã tomámos o pequeno-almoço abraçados a ver desenhos animados, à noite só adormeceu de mão dada à minha. E se já vai aprendendo com os seus erros, o certo é que os beijos da mãe continuam a curar tudo.

Que em 2014 eu tenha a força e a coragem de ultrapassar com a mesma garra as adversidades, amar muito e ser feliz. Este ano que passou sei que fui a mulher que sempre desejei ser – super-mãe, mulher apaixonada, corajosa, forte, aventureira e destemida (q.b. que Matchu Pitchu é alto como tudo!!!).

2 comentários:

  1. que ano recheado de bons momentos! inveja boa. :) que 2014 tenho pelo menos tanto de bom quanto 2013 pareceu ter. e outros tantos beijos de filho, que não deve haver nada melhor na vida. :)

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  2. 2013 também teve partes «tramadas», superadas pelas boas é certo. Não há mesmo melhor que beijos de filho! O amor mais puro e mais verdadeiro que se pode sentir.

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