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5.4.22

92 anos de avó Suzette

* 𝒥ℴ𝒾ℯ 𝒹ℯ 𝓋𝒾𝓋𝓇ℯ *


No dia 7 de março a minha avó Suzette fez 92 anos. A mulher cujo lema de vida é “viver não custa, custa é saber viver”.

Era criança na altura do Estado Novo. A mãe divorciou-se numa altura em que não havia divórcio. Foi-lhe permitido.* A Suzette cresceu num colégio de freiras, separada do irmão, onde aprendeu a ler, a tocar piano e a falar francês. Eu chamava-lhe carinhosamente, em miúda, gato Maltês.

Foi costureira, enviuvou duas vezes e sei que foi muito feliz à segunda com o meu avô Zé.

Perdeu muitas peças, passou pela gripe Espanhola, pelo Terramoto de Lisboa e no início deste ano, apanhou Covid, queixando-se menos que eu. Ficou coxa muito cedo, mas nunca perdeu a sua 𝒥ℴ𝒾ℯ 𝒹ℯ 𝓋𝒾𝓋𝓇ℯ. Gosta de vinho do Porto, chocolates e casas de fado. Adora crianças e ler romances de cordel. Sempre adorou estar com as amigas, passear, contar anedotas. Não sabe nadar, mas já a enfiei num barco. Gosta de teatro de revista, de marchas e de petiscos (ver Foto a representar).

É melhor avó do que foi mãe (penso que seremos todas), tentando corrigir em mim os erros geracionais e uma formação rígida de orfanato.

Devo-lhe as melhores memórias de infância em Alfama e na Costa e o apoio incondicional na altura do meu divórcio. Quando a vejo, diz-me sempre que me ama.

Tenho a certeza que apesar de já não andar, quando um dia nos deixar, será como as árvores - de pé - porque é feita de matéria rija com que já não se fabricam as pessoas.

Parabéns avó! Hoje é o teu dia. ❤️

* Em 2019, o dia que antecede o dia da mulher foi declarado de luto nacional em homenagem às vítimas de violência doméstica.


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