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20.11.13

2046

 
Não podemos responsabilizar ninguém pelas nossas decisões ou felicidade a não ser nós próprios. Esta consciência dá-nos uma leveza mas também um compromisso. Não dependermos de ninguém para sermos felizes é uma vantagem e uma liberdade a que só damos valor quando nos sentimos condicionados. Mesmo que em algum momento não possamos ser livres de tomar as nossas decisões devemos caminhar nesse sentido. E viver sempre nessa verdade, a nossa verdade, não obstante as contrariedades, dificuldades ou forças contrárias. Enfrentei tantas. E se neste processo ou caminho encontrarmos alguém que caminhe ao nosso lado em perfeita sintonia, devemos ficar gratos, porque há um tempo perfeito de existir das coisas, um eu e um tu, e um espaço que se cruza na imensidão de outros espaços que compõem a nossa vida. Num filme de Wong Kar Wai alguém ontem dizia que «Tudo sobre o amor é uma questão de tempo. Não é bom encontrar a pessoa certa nem muito cedo nem muito tarde.». Essa existência cruzada que se não explica, ocasionalmente acontece. Sem certezas, sem regras, sem matemáticas, sem fórmulas de sucesso e sem segredos. É um arbitrário fruto da sorte e do acaso. Sempre existiram pessoas distraídas a tropeçarem juntas. Saber, sabemos apenas o que somos e o que queremos e aceitamos para nós. O resto é um salto de fé e de coração aberto. E é assim que encontro a certeza da leveza da tua mão fechada, um teu sorriso sem palavras, um teu olhar cheio de ternura onde tudo acontece. O tempo pára e materializa-se no que nós quisermos. Como pode o amor ter tantas formas, se a equação final é tão simples? O que procuramos nós? O sentido da vida só pode ser este, somente no amor reside a eternidade, tudo o resto é uma passagem.
 
Do que aprendi até aqui, e que podia ser tão diferente (que a vida não nos ensina a todos da mesma forma, nem ao mesmo tempo) partilho isto: Pensar que por princípio as pessoas não mudam, e não devemos ter a pretensão de as mudar. No entanto o amor tem a capacidade de fazer de nós melhores pessoas. Pensar que é necessário gostarmos de nós, muito, antes que alguém goste. E esse gostar muito, implica um respeito por nós que não devemos deixar que ninguém quebre. No entanto o amor não é egoísta pressupõe dádiva. E quanto mais damos mais felizes somos. Pensar que não devemos culparmo-nos por ter tentado, mas que devemos crescer com as nossas decisões menos certas. Pensar em orientar a nossa vida para o que nos realiza e alimenta, ela é nossa para viver. E quando for necessário recomeçar, pensar que este pode ser o tempo, e este o dia em que tudo começou.

4.8.12

Porreira

Mãe Vanessa - As tuas educadoras são porreiras, não são Afonso?
Filho Afonso - O que é porreira mãe?
Mãe Vanessa - Porreira é divertida e simpática.
Filho Afonso - Tu és porreira mãe.
Mãe Vanessa - Sou? Obrigada Afonso. Olha sabes quem é que dizia sempre «Porreiro pá.»?
Filho Afonso - Não.
Mãe Vanessa - Era o Sócrates. O antigo primeiro-ministro de Portugal.
Filho Afonso - O que é isso mãe?
Mãe Vanessa - É um género de um Presidente mas com outras funções, tem um cargo importante, toma decisões importantes e representa o país.
Filho Afonso - E ele já veio cá a casa?
Mãe Vanessa - O Sócrates?
Filho Afonso - Sim mãe.
Mãe Vanessa - Não filho. Ele tinha uma agenda muito ocupada. Às vezes vinha era pela televisão. Sabes Sócrates também foi um filósofo Grego, e para muitos o pai da Filosofia.
Filho Afonso - O pai da Sofia mãe?
...

26.7.12

Uma noite assim


Fui ver «Uma noite em casa de Amália» com o Diário do Distrito, e adorei. Não dei pelo tempo passar e ri e comovi-me muitas vezes. É bom ver representações assim, fiéis e que nos teletransportam. Parecia que eu também estava ali, numa noite em casa dela, a falar com aquelas pessoas fascinantes e a declamar poesia. Não vivi esta época atribulada do nosso país, em pleno Marcelismo, anos antes do 25 de Abril na primeira pessoa, mas cresci a ouvir falar de polícia política, liberdade e li muitos livros proibidos e todos aqueles poemas do Ary que escaparam à censura, aqui tão bem interpretado por Ricardo Castro. Nesta noite em que gravavam um LP, estiveram também em casa de Amália Rodrigues (Vanessa), Vinicius De Moraes (Marcos De Góis), Natália Correia (Paula Fonseca), David Mourão Ferreira (Nuno Guerreiro), Alain Oulman (Hugo Rendas), Maluda (Cláudia Soares) um técnico de som da Valentim de Carvalho interpretado por Pedro Martinho, e Casimira, a empregada, secretária e confidente de Amália (Rosa Areia).

As tertúlias em casa de Amália são lendárias, com figuras proeminentes das artes e das letras, intérpretes, escritores e outros amantes da liberdade de expressão. Que vontade de visitar ou ter uma casa assim, cheia de pessoas interessantes, com ideias próprias e com pouco medo.
 
Fiquei apaixonada pela Natália Correia e pela fabulosa interpretação de Paula Fonseca que tão bem declamou a «Defesa do Poeta»:
 

"Senhores jurados sou um poeta
um multipétalo uivo um defeito
e ando com uma camisa de vento
ao contrário do esqueleto.
Sou um vestíbulo do impossível um lápis
de armazenado espanto e por fim
com a paciência dos versos
espero viver dentro de mim.

Sou em código o azul de todos
(curtido couro de cicatrizes)
uma avaria cantante
na maquineta dos felizes.
Senhores banqueiros sois a cidade
o vosso enfarte serei
não há cidade sem o parque
do sono que vos roubei.

Senhores professores que pusestes
a prémio minha rara edição
de raptar-me em crianças que salvo
do incêndio da vossa lição.

Senhores tiranos que do baralho
de em pó volverdes sois os reis,
sou um poeta, jogo-me aos dados
ganho as paisagens que não vereis.

Senhores heróis até aos dentes
puro exercício de ninguém,
minha cobardia é esperar-vos
umas estrofes mais além.

Senhores três quatro cinco e sete
que medo vos pôs por ordem?
que pavor fechou o leque
da vossa diferença enquanto homem?

Senhores juízes que não molhais
a pena na tinta da natureza,
não apedrejeis meu pássaro
sem que ele cante minha defesa.

Sou um instantâneo das coisas
apanhadas em delito de perdão
a raiz quadrada da flor
que espalmais em apertos de mão.
Sou uma impudência a mesa posta
de um verso onde o possa escrever
Ó subalimentados do sonho!
a poesia é para comer.

Lembrar a maneira como diz estes versos arrepia-me, as palavras têm efectivamente um poder infinito.

31.5.12

A vida dos outros

Imagem daqui

A opinião dos outros condiciona a nossa liberdade. Não devia, mas condiciona. Muitas vezes tomamos decisões erradas baseados apenas naquilo que pensamos estar bem para os que nos rodeiam. Partindo de falsas premissas, nunca lancetamos verdadeiramente os problemas da nossa vida, e condicionamo-nos com frequência ao argumento completamente falacioso e volátil que é a «opinião dos outros». 

No entanto os outros são pessoas como nós, com os seus dilemas e com as suas vontades, e nós somos os seus outros. Quebremos então este ciclo não influenciando com a nossa opinião, a opinião e a vida alheias. Não há nada mais individual que a vida e as pessoas devem vivê-la de acordo com o que querem e acreditam ser melhor para si. Gostar também implica tolerância e aceitação. Nem sempre a galinha da vizinha é mais tenrinha, e muitas vezes as aparências enganam, aceitemos então os outros como outros, e as suas decisões como «boas», nem que seja porque são suas. E se estiverem errados, o que importa? A vida é deles! 

15.2.12

O que fazer?

Às vezes acho que enquanto não disser uma coisa, ela não existe. Quase como se a existência dependesse da palavra e não o inverso. Enquanto não concretizo, o pensamento é incorpóreo, é etéreo, e eu posso, se me apetecer, fingir que não existe. Depois, um dia, perco o medo e digo. E aí uma avalanche de matéria dá corpo ao que sinto. De repente tudo o não era passa a ser, nasce, existe, torna-se real e mais forte do que eu. Agora já não é apenas pensamento, é mais. Agora já não sou eu quem o comanda, sou cativa. Agora é urgente decidir já não posso fingir. Agora é preciso saber o que fazer com tudo aquilo que sabemos? E na verdade podemos tudo, excepto voltar atrás e deixar de saber o que entretanto se tornou realidade. 

4.10.11

A Cidade e as Serras

Dentro, na «nossa sala», ambos nos sentamos nos poiais da janela, contemplando o doce sossego crepuscular que lentamente se estabelecia sobre vale e monte. No alto tremeluzia uma estrelinha, a Vénus diamantina, lânguida anunciadora da noite e dos seus contentamentos. Jacinto nunca considerara demoradamente aquela estrela, de amorosa refulgência, que perpetua no nosso Céu católico a memória da deusa incomparável - nem assistira jamais, com alma atenta, ao majestoso adormecer da Natureza. E este enegrecimento dos montes que se embuçam em sombra; os arvoredos emudecendo, cansados de sussurrar; o rebrilho dos casais mansamente apagado; o cobertor de névoa, sob que se acama e agasalha a frialdade dos vales; um toque sonolento de sino que rola pelas quebradas; o segredado cochichar das águas e das relvas escuras - eram para ele como iniciações. Daquela janela, aberta sobre as serras, entrevia uma outra vida, que não anda somente cheia do Homem e do tumulto da sua obra. E senti o meu amigo suspirar como quem enfim descansa.

Queirós, Eça de, A Cidade e as Serras, Planeta de Agostini, Lisboa, págs. 132-133

E é deste despertar para a Natureza que me recordo sempre que acordo com as rolas. É desta ligação que nos esquecemos, sempre que a luz das nossas casas apaga a luz das estrelas e da lua. É nesta comunhão que me reencontro e sou feliz. Que pena não poder beber água da fonte como o Jacinto.

26.8.11

Barata

As baratas adaptam-se a todo lado. Hoje apercebi-me de que em certa medida sou como as baratas, tanto me sinto bem num magnifico restaurante, como numa tasca. Vivo bem com tanto, sobrevivo bem com menos, adapto-me.

6.6.11

14.5.11

Pensamento do dia «A fé cresceu comigo embora eu muitas vezes nem desse por ela. Quando mais a procurei não a encontrei, mas quando precisei dela, ela revelou-se

8.10.10

Alerta amarelo

Serei só eu ouço falar em alerta amarelo e fico com vontade de me enfiar debaixo do edredão, com o Afonso a hibernar?

Chuva

Agora quando chove uma parte de mim fica feliz por causa do jardim e da horta.

19.7.10

Le Petit


"C'est le temps que tu as perdu pour ta rose qui fait ta rose si importante."

Saint-Exupéry, Antoine de, O Pequeno Príncipe

PS - Tinha de ser. Não podia vir de lá sem "O pequeno Príncipe". Este livrinho 3D abre-se em forma de carrossel e dá para fazer de candeeiro. É lindo!

30.5.10

19.5.10

Saltimbanca

Estou oficialmente de casa às costas. A outra ainda não é a minha mas esta também já não. Sinto-me uma saltimbanca hoje.

23.4.10

Tempo

Se o tempo fosse uma profissão, o tempo era ladrão, ou isso ou engenheiro ;)

PS - O Afonso já fez 9 meses e eu mal dei por ela...