23.8.18

Fomos ao Porto!


Fomos ao Porto em Julho. Foram uns dias de férias cinzentos mas sem chuva e com os miúdos todos. Quis fazer uma surpresa ao Afonso, que nunca tinha andado de avião, e comprei os bilhetes sem ele saber. O Carlos foi pôr-nos ao aeroporto e ele só percebeu quando parámos e saímos do carro. Ficou em êxtase. 

Ficámos no Vila Galé Porto em dois quartos comunicantes. Na verdade vimos outros hotéis com quartos familiares giríssimos mas estavam lotados. Um dos requisitos era ter piscina interior para se entreterem entre passeios e também achámos graça a outras facilidades do hotel como o ginásio e o bar com snooker. Gosto muito dos hotéis Vila Galé somos sempre muito bem recebidos. Ficámos em meia-pensão e é um descanso não andarmos à noite cansados à procura de um sitio que agrade a todos. Os buffets de hotel deviam existir em casa! O tema do hotel é o cinema, os quartos têm nomes de artistas e por todo o hotel se podem ver fotos de filmes premiados. No restaurante estavam imagens do Volver de Almodóvar e do Paris Texas com a Nastassja Kinski que não conhecia (fiquei tão curiosa que assim que cheguei a casa fui ver). 

Quanto a passeios, tentei procurar programas interiores (previa-se chuva) e que fossem transversais a todas as faixas etárias. Fomos ao museu de Serralves no Domingo (que tem entrada gratuita) ver a exposição e os jardins; almoçámos uma francesinha no Cufra (cuja mesa reservei com antecedência); fomos ao SeaLife (usámos o desconto das Estrelas e Ouriços), demos de comer às raias, fizemos um jogo, vimos a alimentação dos tubarões e tirámos uma foto com o Barack Obama. Visitámos a livraria Lello, tirámos uma fotografia junto ao Hogwarts Express, vimos uma exposição de Joan Miró e trouxemos livros giros para ler (já os lemos!). Andámos pela baixa do Porto e num comboio que a Constança adorou (comprei um bilhete familiar no Odisseias e outro no local) e que incluía uma visita às caves (esta parte só era gira para os mais crescidos). Trouxemos um vinho do Porto especial branco que fica bem como aperitivo e em cocktails. Passeámos por um jardim com uma feira onde encontrei uns bonecos giríssimos para o nosso presépio. Trouxe sardinhas sabonetes da Castelbel e claro umas latas, que já é tradição. 

Acho que foram umas primeiras férias muito divertidas mas que ainda ficou por lhes mostrar. Um dia voltamos certamente!

13.8.18

Cuidar


 Eu acho que sou simples. Talvez não tão simples mas ainda assim, simples. Gosto de coisas simples, sou feliz com coisas simples. Adoro os meus filhos, vê-los brincar e sorrir. Adoro dar-lhes miminhos, mesmo que sejam apenas bolachinhas lindas que compro e lhes deixo no travesseiro. Gosto de fazer coisas com eles. Adoro flores, no jardim e na jarra. Adoro comida simples, pouco temperada, cozidos e grelhados sobretudo. Adoro o som do vinil, o granulado, a patine do tempo, o som da chuva a cair. Gosto de comida real e do nosso cabaz da fruta feia. Adoro chá mas não de saqueta, o de erva mesmo. Gosto de cremes básicos que não deixem a pele gordurosa, adoro o cheiro da baunilha e a cor verde água. Adoro as coisas que encomendo no Aliexpress e a expectativa até chegarem, como uma criança na véspera de Natal.
Fomos ver uma exposição de comboios em miniatura que adorei.Gosto de criar memórias afetivas. Ela cantou uma música de comboios, adora cantar músicas sobre tudo. A culpada sou eu :).

E depois gosto do amor em estado puro. Adorei amamentar. Fi-lo até recentemente. Custa-me ainda um bocadinho falar sobre isto. A despedida foi demasiado rápida, de um dia para o outro, por necessidade. Ela aceitou muito bem mas ainda se aconchega a mim ao peito. Um dia estava tudo bem e no outro já não estava. Tive um retrocesso nos miomas. Ainda não sei como tudo ficará, mas sei que a saúde é essencial ao meu bem-estar. 

De um dia para o outro não mudando muito, mudei muita coisa. Passei a fazer meia hora de passadeira todos os dias, pesos e alongamentos. Deixei de beber leite e eu bebia muito. Passei a não comer quase carne vermelha. Deixei totalmente de beber café e de comer queijo. Comecei a tomar N vitaminas, incluindo a D. Passei a ponderar ainda mais a minha alimentação. Sinto que o aproximar dos 40 me trouxe desânimo, porém estamina, cansaço porém energia, desalento porém determinação. Tenho feito mais por mim. Comecei a fazer tratamentos de estética (e eu que nunca fui fã destas coisas), depilação definitiva, ginástica, cavitações. Tenho controlado mais a saúde com análises, exames e consultas de especialidade. Tenho arriscado mais em tratamentos alternativos, consultei inclusivamente um homeopata pela primeira vez, foi bastante estranho para mim mas ainda não posso determinar resultados.

Os 40 podem ser um número. São efectivamente um número. Sempre acreditei que iria gerir melhor este evoluir da idade mas não estou a aceitar a coisa conforme idealizei. Não gosto de pintar o cabelo tantas vezes, não sou fã de manchas de pele e rugas e não me sinto com esta idade. Deve ser o que todos dizem quando cá chegam, mas é verdade. Além disso gostava de me sentir melhor, com mais saúde, mais em forma. Provavelmente estou mais saudável agora que aos 30, tinha deixado de fumar recentemente, tinha excedo de peso da gravidez, usava imenso a bomba e não fazia exercício. Sei que os anos me trouxeram muitas alegrias, conhecimentos, e experiência. Sobretudo dois filhos que não trocava por nada. Se os próximos 40 não puderem ser melhores então que sejam tão bons quanto estes. Que sejam simples e felizes. Eu vou continuar a fazer por me sentir ainda melhor e a procurar arranjar tempo para cuidar não só dos outros mas também de mim.

8.8.18

Fim de escola


Avassalador. Este final de ano foi exigente, não pela matéria, nem pelas disciplinas, nem por ele estar em perigo de chumbar ou ela muito menos. Foi um culminar de factores, de histórias. Cada vida dava um livro e a nossa não é excepção. Infelizmente a saúde não ajudou e passei por um período mais conturbado. Nada está resolvido ainda mas foi-me difícil encaixar, ainda é. E claro que o ano lectivo não pára. É trabalhos para a escola, é estudo e são os desafios da idade de um e de outro. Este ano o Afonso pregou-me um grande susto, que felizmente não passou disso mesmo, de um susto. Mas a verdade é que a maternidade é um desafio à nossa força interior mas também à nossa capacidade física, de aguentar noites sem dormir, de ter tudo sempre pronto e impecável, para que nada lhes falte.  Mas também é um desafio psicológico, quando os filhos nos afrontam com atitudes menos esperadas, com notas menos boas, com comportamentos menos próprios. Este ano foi conturbado. Fui a última levar os calções para a festa da Constança. Não imprimi fotos a cores das penúltimas férias do Afonso, não li a caderneta dela todos os dias, e mandei partes de cima a mais e de baixo a menos muitas vezes. Mas li para ele e ele para mim quase todas as noites, estudei com ele, ajudei-o em todos os trabalhos da escola, e nas apresentações mais exigentes em Inglês. Senti que não obstante o seu desvario e coração lamechas continua a confiar em mim e a contar-me tudo. Senti que sente que tem em mim a melhor amiga. Senti que mesmo falhando por vezes, não falho sempre. As notas de ambos são muito boas. Ela podia já estar mais avançada no desfralde mas de resto está tudo adquirido. Tem um vasto vocabulário, decora as letras de todas as músicas, e eu sinto e sei que é porque é feliz, porque eu canto e danço com ela desde o dia em que nasceu ainda na maternidade. Na avaliação do Afonso vinham sempre estes mesmos dizeres. 

Sei que tenho de me acalmar nesta exigência mas eu sempre adorei fazer trabalhos para a escola em miúda. Fazemos apresentações com banda sonora, BD's, biscoitos, só falta mesmo o powerpoint e o ponteiro de laser heheh. Em casa todos assistem, até as meninas e colocamos dúvidas. Bem sei que é a terceira classe e temo não aguentar o ritmo a dada altura. Sei que tenho de relaxar. Fez uma apresentação tão exaustiva no 25 de Abril que uma hora mal chegou :) e o avô ainda foi à escola falar para a turma. Gostava imenso de poder contar com o pai nestas alturas, mas não acontece. O Afonso também acaba por me pedir sempre a mim por saber que levo as coisas para este patamar e que tem sempre boas notas. Gostava que fosse mais autónomo no estudo, tenho puxado por ele nesse sentido. Está em aquisição. Este ano começou a preparar o seu pequeno-almoço e foi rara a manhã que saiu sem fazer a sua cama. Mas ainda me ajuda muito a pedido, é pouco solicito. 

Ela é ao contrário, quer varrer, arrumar a louça, a roupa com a mãe, e até me ajuda a fazer a cama. Imita-me em tudo e até calça os meus sapatos e veste a minha roupa quando estou distraída. Depois diz que é a mãe. Está uma graça. Apesar de ter deixado de mamar ao peito continua muito ligada a mim, tem ataques de choro a toda a hora que me quer grudada a ela e agarra-me as pernas a andar. É difícil de a acalmar quando está assim sem o meu colo.

Agora chegámos às merecidas férias. Não comprei livros de fichas como nos outros anos. Comprei livros para ler, tenho gramáticas para treinar e o resto das fichas que não foram feitas do livro. De resto quero descanso para eles e para mim e criatividade. Tenho promovido o detox digital com o Afonso, não tanto quanto desejava mas ainda assim. Quem mais por aí com este dilema? Por mais livros e menos Youtube? Por mais descanso e criatividade e menos stress e TPF? 

29.7.18

Juliana



A Juliana voltou a Portugal. É sempre uma alegria tê.la por perto, apesar de que, nas últimas vezes, eu não tenho a disponibilidade que tinha antigamente. Ela ficou pela primeira vez num hotel. Por um lado custou-me, por outro compreendi. Acho que para ela foi um alívio, pelo menos em termos de programas cansativos heheh. Quem tem miúdos sabe que férias com eles não é a mesma coisa, e uma casa cheia não é sinónimo de descanso, mesmo que não sejam os nossos. De qualquer forma tirámos uns dias para lhes fazermos companhia, a ela e ao Vitor, e foi bom, muito bom, como sempre é, tê-la por perto. Renovo sempre o meu amor por ela. A Ju é especial e quem a conhece sabe. Profissional, dedicada, lutadora, comprometida, determinada (devia ter começado por aqui), solidária, abnegada, honesta, carinhosa, generosa, paciente e tem uma virtude que é difícil de explicar mas ela adapta-se muito facilmente às circunstâncias e às pessoas.

Gosto tanto do nosso país que cada vez que vem lhe tento mostrar algo novo, que ainda não tenha visto. Lisboa mudou tanto! Apesar de no Brasil não existir a nossa cultura de visitar museus, eu insisto sempre na parte histórica que é tão rica em Portugal. Claro que o nosso turismo passa também muito pelo palato e não há visita que fique completa sem um par de restaurantes e pratos típicos. 

Houve um dia que andámos 12 kms a pé pelas colinas de Lisboa. Almoçámos no Mercado da Ribeira e jantámos na Parede (éramos para ir aos fados nessa noite, mas a idade não perdoa). 

A Ju trouxe-nos um bocadinho do Brasil com ela, havaianas para todos. Trouxe ainda uma casinha que fiz para um trabalho de francês quando andávamos ainda juntas na escola e lhe ofereci. Guardou-a todos estes anos e trouxe-a de avião para que a Constança brincasse com ela. 

É muito bom sentir que a nossa amizade sobreviveu ao tempo e à distância de um Oceano, mas sobretudo é bom sentir que ainda nutro os mesmos sentimentos, que basta uns dias, algumas conversas e retomo a mesma empatia de há quase 30 anos atrás. 

Nunca lhe disse isto mas senti-nos como uma Telma e Loiuse quando fomos ver o filme. Sofri verdadeiramente quando voltou ao Brasil e antes dela voltar a primeira vez a Portugal, sonhava imenso com ela, sonhos que se assemelhavam mais a pesadelos, tamanha era a saudade. A Internet veio diminuir as distâncias e as visitas dela mitigam sempre este sentimento, mas tenho a certeza que gostarei dela sempre com a mesma intensidade e para sempre. 

Já acompanhámos várias fases da vida de cada uma. De namoros a casamentos, a separações. É para mim um grande orgulho que os meus filhos a conheçam e reconheçam tão bem o seu nome. E foi com todo esse carinho que conhecemos o Vitor. 

Ju, volta sempre, muitas vezes. Nunca serão demais!

Noutros anos aqui e aqui.