Foi um desafio fazer 40 anos. Fiz muitos balanços, acho que até coloquei uma certa pressão sobre os meus próprios ombros. Uma expectativa grande que acabou por me criar muita ansiedade e mesmo a quem estava à minha volta. Uma perfeita tolice. Queria estar melhor que nunca. Fiz muitas alterações também por questões de saúde, muito exercício, muitas mudanças alimentares. E embora tudo o que façamos por bem nos faça bem, a verdade é que nada muda o nosso BI.
Fazer 40 é igual a fazer 30, 50 ou outra idade qualquer, mas não é. A idade traz-nos certas mazelas, um cansaço e resistência diferentes. O corpo muda e acho que é isso que mais assusta. Sentirmos na pele a nossa finitude. Tudo ganha um gosto diferente. Somos quem queremos e como queremos mas não estamos cá para sempre.
Dizem-me muitas vezes que não pareço ter mais de 40 ou um filho já com 10 anos, mas isso não é uma subtracção real de vida e de rugas, tão só um elogio. A parte bonita, é que se eu pensar bem também não gostaria que assim fosse. Adoro a minha vida, mesmo com as maiores escorregadelas. Eu não seria eu se tivesse vivido de outra forma.
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Este ano fiz 41 e não senti nenhuma pressão. Passei o dia como gosto, rodeada dos que amo. Fiz o jantar do costume com a malta do costume. O José fez o chili do costume. A Susy trouxe a tarte de requeijão do costume. No entanto, não encomendei um bolo bonito mas que eu nunca como, só para soprar as velas e para a fotografia. Não! Este ano fiz o meu bolo. O bolo que mais gosto e que me apetecia mesmo comer. Um maravilhoso bolo de bolacha. E bati muito bem o creme vezes sem conta na Bimby. E ensopei bem as bolachas no café para ficar com aquele fantástico sabor de contraste. E estava fresquinho e leve quando o provei à noite. E ainda melhor na manhã seguinte ao pequeno-almoço.
Não consigo deixar-vos 41 lições de vida como gostava até porque cada um(a) terá as suas. Mas há coisas que de facto melhoram com os anos e as melhores coisas da vida são tão boas de simples quanto um bolo de bolacha. Aqui ficam algumas:
1 - Os filhos, ai os filhos e os seus abraços e beijos que nos transformam em super heroínas.
2 - O amor e a paixão quando indissociáveis. Ou como diz a Sofia do Às 9, a segunda prioridade da nossa vida é encontrar um grande amor, a primeira é nunca o perder!
3 - Fazer amor. Tinha de ser outro parágrafo. Fazer amor com entrega, de corpo e alma, com intensidade, vontade e liberdade.
4 - A nossa mãe, e a sua voz, e o seu colo. (isto seguido do ponto anterior fica um pouco estranho). Os super poderes que elas têm para curar feridas.
5 - As avós, e as tradições de família e aquelas lições de saber mais que todos nós. Viver não custa, custa saber viver, diz-me a minha tanta vez.
6 - Os amigos que se mantêm na nossa vida, e nos telefonam com saudades ou só porque sim para beber um café.
7 - Os tais «costumes» que coleccionamos com carinho porque nos são prazerosos. Os nossos hábitos e idiossincrasias.
8 - Viajar. A pé, a nado, de qualquer maneira, o importante é ir. Abrir horizontes, construir memórias, viver aventuras.
9 - Comer. Bem. Comer o que gostamos e o que nos faz bem. Criar hábitos certos. Tratar bem de nós. Comer também o que é doce, o que pica, e o que não estamos habituados. Comer porque é preciso mas também porque se gosta.
10 - Beber. Brindar. Na dose certa, traz alegria, liberta, concerta.
11 - Escrever. Mais do que um prazer é uma necessidade. Ajuda a concretizar projectos, a desenhar planos, a tornar sonhos realidade. Ajuda a esvaziar a mente e a desabafar. Permite-nos comunicar de uma forma privilegiada, exorcizar demónios e manter a lucidez.
12 - Ler. Um dos maiores prazeres que podemos ter. Livros, ensaios, poesia, BD. Uma forma de crescer, viajar, imortalizar, tele-transportar, viver outras vidas, conhecer outros lugares. Misturar realidade e fantasia.
13 - Desenhar e pintar. A pintura é uma forma de expressão primordial. Adoro pintar a óleo, visitar galerias e museus. Sentir um pintor, um quadro, uma paisagem. Há imagens que valem mais que mil palavras.
14 - Exercício - Correr. Ultrapassar os limites. Aumentar a resistência. O bem estar que nos traz.
15 - Dormir e sonhar - Adoro dormir e descansar. Abrandar o meu ritmo e ainda assim sonhar. Tenho sonhos vividos todas as noites. Vivo uma segunda vida a dormir.
16 - Cinema - O cinema é uma arte. Há argumentos, actores e realizadores de um brilhantismo. Sou fã incondicional de Hitchcock, Tarantino, Almodóvar.
17 - Música - Ouvir boa música leva-nos ao céu. Acalma as nossas dores, sossega o nosso coração, ou desorganiza-o de vez. Há batimentos cardíacos nas notas musicais. Há pautas que são bandas sonoras da nossa vida. E saber porquê?
18 - O tacto - O poder de um abraço. A magia de uma massagem. A importância de um aperto de mão. Fechar negócios, curar, dar carinho.
19 - Dançar - Pode ser tão libertador. Dançar sozinho, dançar agarradinho. Dançar enquanto cantamos na banheira, ou num baile de Verão. Numa discoteca ou a ouvir um concerto.
20 - Sorrir - É das melhores coisas da vida. Não acredito naqueles exercícios de rir de propósito mas acredito piamente que rir ajuda muito. Rirmo-nos de nós próprios e da vida ajuda a colocar as coisas em perspectiva, a desdramatizar e retirar o foco do negativo. Rir com vontade faz bem.
21 - Animais. De estimação - Um cão, um gato, um passarinho, seja qual for o animal o amor que se sente e que é tão puro e desinteressado.
22 - DIY - Fazer coisas, construir, ser capaz. Fazermos algo de raiz tem um grande impacto na nossa auto-estima.
23 - Fé - é algo bastante pessoal mas que faz parte de mim. A fé transcende e dá-nos um propósito. Torna-nos mais empáticos e mais altruístas.
24 - Descalçar os sapatos - Física e metaforicamente. Não há melhor que libertar os pés ao chegar a casa, calçar meias felpudas e fofas e vestir o pijama. Tirar o casaco e máscara.
25 - A verdade - com os outros mas sobretudo connosco. Viver na verdade como falava Kafka, não há pior do que nos mentirmos a nós próprios.
26 - O conhecimento - O saber não ocupa lugar. É tão bom aprender. Nunca me canso de dizer aos nossos filhos como sempre adorei estudar e andar na escola. Não acharmos que sabemos tudo não é ser humilde é ser capaz de continuar a aprender ao longo da vida. Nas minhas últimas aventuras contam-se aprender Mandarim antes da Constança nascer e mais recentemente PNL e Comunicação Web.
27 - O respeito - Pelos outros mas sobretudo por nós próprios. Respeitarmos o nosso «Eu», o nosso corpo alimentando-o bem, descansando, a nossa cabeça libertando-a de stress diário, e mesmo os nossos sonhos e vontades que tantas vezes apagamos ao longo da vida.
28 - Os sonhos - É por eles que vamos certo? Nunca é tarde para sonhar, mas mais importante que a ideia subjectiva que nos inspira é concretizá-la e pô-la em prática. Sonhar a dormir e acordado mas sonhar.
E vocês o que acrescentavam a esta lista?
O que vale mesmo a pena nesta vida?
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