12.12.11

Os terríveis dois

O Afonso faz grandes birras, na verdade a coisa até já começou a acalmar, mas nem por isso me sinto mais segura. As birras são muitas, os amuos também, fica sentido quando lhe ralham e usa todos os argumentos para levar avante o seu intento. Tenho lido muitas coisas sobre os dois anos, sobre como esta fase é normal e necessária, sendo até considerada uma «primeira adolescência». A criança outrora calma e angelical parece ter sido raptada por ETs e substituída por um clone malvado. Ontem a minha amiga Patrícia falava-me do seu desespero na hora de dar de comer à Mariana. Eram 5h da tarde quando almoçou. 

No artigo «Um, dois... Bum!» da revista Pais Filhos li que as birras, num estudo realizado «(...) pela universidade do estado norte-americano da Virgínia sobre o comportamento na idade pré-escolar, fazem parte de uma grande maioria.
A projecção de resultados demonstrou que quase metade das crianças estudadas tinha episódios em que atingia fisicamente ou implicava com outras. Mais de metade recusava regularmente as refeições e 70 por cento protestava contra a hora de dormir. Cerca de 80 por cento entrava no ciclo das birras e 95 por cento era classificada pelos adultos como teimosos. (...)». 

O facto de estes comportamentos serem normais não invalida que nos sintamos frustrados enquanto educadores ao fim de um tempo, ou mesmo exasperados em situações limite. 

Apesar destes artigos servirem para nos apaziguar enquanto pais, penso que acabam por ser demasiado negros, obliterando uma parte importante do que acontece nesta idade. Não é esta afinal uma das fases mais engraçadas das crianças? Uma fase em que já comunicam com êxito, dizendo novas palavras com o seu próprio sotaque. É nesta idade que começam a ter saídas espontâneas giríssimas, em que são mais afectuosos, manifestando o seu amor sem reservas e em que são ao mesmo tempo mais autónomos enchendo-nos de orgulho a cada conquista. 

Qual será então a melhor maneira de lidar com os «terriveis dois» e aproveitar simultaneamente ao máximo os «maravilhos dois»? 

Em primeiro lugar, é normal que no momento crucial de desenvolvimento que atravessam, em que começam a falar e a ganhar autonomia, tentem constantemente testar os limites, centrando-se mais nelas mesmas e menos nos outros e muito pouco nas consequências dos seus actos. Faz parte deste processo exploratório do mundo que as rodeia, arriscar, imitar, e dizer que «não». A criança só está a crescer. O investigador britânico Andy Bremner, catedrático do Infantab, instituição da Universidade de Londres dedicada ao estudo da infância, esclarece, no mesmo artigo, que uma boa maneira dos pais lidarem com a situação, passa por  «não esperarem que eles se comportem como mini-adultos só porque sabem cada vez mais palavras e já andam sozinhos para todo o lado», ou seja, aceitar, ser firme nas devidas alturas e tomar doses gigantescas de paciência. 

Quanto a mim, prefiro concentrar-me no maravilhoso lado dos dois, afinal todas as idades (até a nossa) têm partes más, mas poucas têm estas quantidades de ingenuidade e candura, originalidade e transparência, frontalidade e mimo. 

2 comentários:

  1. Engraçado...ou já me esqueci( q é possivel!)ou não passamos por nada disso.A L.nunca foi muito dada a birras,sempre lhe explicamos as coisas e foi percebendo.A técnica que usava e ainda uso é, nunca uso o " se não fizeres isto não te dou isto", uso antes"vá faz lá isto que depois a mãe dá-te aquilo"por exemplo,adora ir ao parque.Poderia dizer" se não comes a sopa não vais ao parque", antes digo " vá L.come a sopa para irmos brincar muito ao parque".Com ela funciona...Muitas vezes tenho que lhe dizer NÃO e também não sou extremista de dizer se digo não é não, sou humana,às vezes arrependo-me e e vou cedendo.Mas normalmente quando é não é não e ela aceita!

    Não stresses,são fases e até dessas vais ter saudades :P

    Bj grande

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