22.6.10

Feitio

Cheguei oficialmente aos trinta e pouco. Não me apetece aturar certas coisas porque já conquistei estatuto de idade. Não me sinto madura mas sinto-me mais crescida desde que fui mãe. Estou sempre a falar do meu mau feitio mas tenho orgulho de ter algumas qualidades que me tornam única. Sou muito honesta e transparente e muito, mas muito meiga. Mimo tanto aqueles que gosto que sinto que isso faz a diferença. É bom quando um amigo nos diz que gosta de nós, nos dá um abraço, um beijo gordo na bochecha, um carinho e colinho quando precisamos. É bom saber que temos quem goste de nós como família. Sinto que os meus amigos sentem isso de mim e sinto que retribuem o carinho. Quero que o meu filhote cresça assim. Cheio de mimo. Porque para mim ser mimado é um privilégio bom. Todas as crianças deviam ter o privilégio de ser mimadas. Não compreendo a educação tirana da não demonstração de afectos. Não compreendo um pai ou uma mãe que não diz “gosto de ti” a um filho, que não dá uma festa, um beijo, um carinho diariamente. O afecto é o pão da alma, o cimento do carácter. Do que sinto mais falta desde que regressei ao trabalho? De namorar com o Afonso todos os dias de manhã na cama. De tomarmos juntos o pequeno-almoço a ver os desenhos animados, e de darmos muitos beijos molhados.

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