E eis que me encontro de rato em punho a pensar num discurso de despedida para esta minha casa. E é difícil. Alguns arquitectos de Arte Nova esforçaram-se por atribuir uma alma às suas criações, conferindo-lhe características mais dinâmicas como formas arredondadas e elementos da natureza. Alguns realizadores tentaram desmaterializar a construção conferindo alma às suas habitações, em filmes de terror. A letra de João Silva Tavares que o Tim dos Xutos imortalizou é uma ode à sua “casinha”. E eu sinto honestamente que embora não seja viva, esta casa é parte da família. Encerra histórias e segredos, acompanhou momentos de vida, alegrias e tristezas. Foi palco de muitas aventuras, da vez que me colocaram aqui uma tenda a fingir que era Marrocos, ao Chá do bebé, ao jantar fatídico que com os amigos ultrapassei a perda mais terrível, que foi a de perder um filho. Foi aqui que os meus pais conheceram os pais do André. Foi aqui que estudei e fiz a minha tese de mestrado. Foi aqui que quase nasceu o meu filho. Foi daqui que saí no dia do meu casamento, e é daqui que vou sair daqui a alguns dias, para que uma rapariga chamada Sofia venha construir também aqui o resto da história. Assim como ela, também eu vim com os meus pais, solteira e boa rapariga, ver esta casinha pela qual me apaixonei. É este sentimento que nos move na vida. Não sei se fui eu que a escolhi mas gosto de acreditar que foi ela que me escolheu a mim. Assim como agora a nossa nova / velha casa também nos adoptou. Espero com sinceridade que a Sofia seja tão feliz aqui como eu fui ou ainda mais, e que a nova casa seja palco com todos vós (os meus amigos) de muitas novas histórias.
Hoje foi a festa de despedida da nossa casinha. Não foi a festa que eu queria, foi a possivel. Faltaram muitas pessoas que eu gostava que tivessem estado presentes e faltou-me ler o discurso que escrevi, que por quanto vale publico agora aqui.
Como se fosse o final do Rock In Rio, posso dizer, EU FUI, e para meu espanto e alegre surpresa, ninguém me bateu, cuspiu ou denegriu a minha imagem, LOL, foi uma despedida amena, tranquila, divertida, pacata, como acho que deveria ser sempre, acerca seja do que for, quando nos despedimos de algo ou de alguém.
ResponderExcluirÉ verdade que nunca tinha ido à tua casa, e achei-a muito interessante, porém sinto-me muito feliz com a tua mudança e acima de tudo, do teu entusiasmo, pelo que estou convicto que a próxima casa vai trazer ainda melhores lembranças e um apego diferente, nem que seja pelo crescimento diário do Afonso, que muitas alegrias vos trará e um desfrute diferente.
Foi uma pena não ter existido um discurso, mesmo que cantado... LOL, mas ficará de certeza para a inauguração da casa nova, todos ansiamos por ouvir a tua voz de rouxinol.
Mais uma vez agradeço o convite, realço que nós gostámos muito, a Madalena mais do DVD do Panda e a Tixa não só do convívio como de uma torta que achou divinal.
Um grande bem haja e ficam aqui os meus votos e da minha família para muitas felicidades para a casa nova.
Braulio
Oh Braulio que bom ler o teu comentário, só falta ler o blog :)Eu adorei a parte do UNO, hehe, maldito vício!
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