2.5.10

Despedida

E eis que me encontro de rato em punho a pensar num discurso de despedida para esta minha casa. E é difícil. Alguns arquitectos de Arte Nova esforçaram-se por atribuir uma alma às suas criações, conferindo-lhe características mais dinâmicas como formas arredondadas e elementos da natureza. Alguns realizadores tentaram desmaterializar a construção conferindo alma às suas habitações, em filmes de terror. A letra de João Silva Tavares que o Tim dos Xutos imortalizou é uma ode à sua “casinha”. E eu sinto honestamente que embora não seja viva, esta casa é parte da família. Encerra histórias e segredos, acompanhou momentos de vida, alegrias e tristezas. Foi palco de muitas aventuras, da vez que me colocaram aqui uma tenda a fingir que era Marrocos, ao Chá do bebé, ao jantar fatídico que com os amigos ultrapassei a perda mais terrível, que foi a de perder um filho. Foi aqui que os meus pais conheceram os pais do André. Foi aqui que estudei e fiz a minha tese de mestrado. Foi aqui que quase nasceu o meu filho. Foi daqui que saí no dia do meu casamento, e é daqui que vou sair daqui a alguns dias, para que uma rapariga chamada Sofia venha construir também aqui o resto da história. Assim como ela, também eu vim com os meus pais, solteira e boa rapariga, ver esta casinha pela qual me apaixonei. É este sentimento que nos move na vida. Não sei se fui eu que a escolhi mas gosto de acreditar que foi ela que me escolheu a mim. Assim como agora a nossa nova / velha casa também nos adoptou. Espero com sinceridade que a Sofia seja tão feliz aqui como eu fui ou ainda mais, e que a nova casa seja palco com todos vós (os meus amigos) de muitas novas histórias.

Hoje foi a festa de despedida da nossa casinha. Não foi a festa que eu queria, foi a possivel. Faltaram muitas pessoas que eu gostava que tivessem estado presentes e faltou-me ler o discurso que escrevi, que por quanto vale publico agora aqui.

2 comentários:

  1. Braulio6/5/10

    Como se fosse o final do Rock In Rio, posso dizer, EU FUI, e para meu espanto e alegre surpresa, ninguém me bateu, cuspiu ou denegriu a minha imagem, LOL, foi uma despedida amena, tranquila, divertida, pacata, como acho que deveria ser sempre, acerca seja do que for, quando nos despedimos de algo ou de alguém.
    É verdade que nunca tinha ido à tua casa, e achei-a muito interessante, porém sinto-me muito feliz com a tua mudança e acima de tudo, do teu entusiasmo, pelo que estou convicto que a próxima casa vai trazer ainda melhores lembranças e um apego diferente, nem que seja pelo crescimento diário do Afonso, que muitas alegrias vos trará e um desfrute diferente.
    Foi uma pena não ter existido um discurso, mesmo que cantado... LOL, mas ficará de certeza para a inauguração da casa nova, todos ansiamos por ouvir a tua voz de rouxinol.
    Mais uma vez agradeço o convite, realço que nós gostámos muito, a Madalena mais do DVD do Panda e a Tixa não só do convívio como de uma torta que achou divinal.
    Um grande bem haja e ficam aqui os meus votos e da minha família para muitas felicidades para a casa nova.
    Braulio

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  2. Oh Braulio que bom ler o teu comentário, só falta ler o blog :)Eu adorei a parte do UNO, hehe, maldito vício!

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