4.10.16

I AmSterdam - a viagem


Decidimos tirar estes dias ainda a Constança era muito bebé, foi o nosso presente de aniversário. Pensámos imediatamente que queríamos seleccionar algumas visitas mas não preencher os nossos dias de actividades cansativas, porque com a bebé a logística é complicada e a disposição um pouco imprevisível. Faríamos uma a duas visitas por dia. Escolhemos as que preferíamos. E assim no primeiro dia fomos ver a casa museu de Anne Frank, que para mim foi um dos pontos altos da nossa viagem. Fiquei muito sensibilizada e comovida por ver o local onde a família viveu escondida, onde foi escrito o mais famoso diário, onde tudo aconteceu. As filas são enormes, e aconselho vivamente a compra dos bilhetes online com muita antecedência da viagem. Nós já não conseguimos mas felizmente deram-nos prioridade com a bebé. (Esta prioridade conseguida na entrada online foi um pouco a custo, a maior parte dos locais na Holanda não dão prioridade a bebés de colo). Os acessos são complicados, pelo que o carrinho de bebé ficou à entrada e a Constança foi ao colo. No primeiro dia visitámos ainda o mercado flutuante de flores, o Bloemenmarkt e claro trouxemos Tulipas de recordação. 
A Constança andou sempre bem disposta, dormia no carrinho mamava quando queria. A maior parte das casas de tijolo têm um banco de jardim em madeira à entrada pelo que foi sempre fácil parar para amamentar. Não havendo banco de jardim há sempre um café por perto (o café é mesmo muito bom em Amesterdão). Durante o dia comíamos Street Food e à noite fazíamos qualquer coisa no apartamento. Procurámos experimentar as coisas mais típicas, como o arenque cru (eu não tive coragem de comer cru), as famosas almôndegas, os croquetes, os Waffles, a tarte de maçã com natas (várias vezes :), sim mãe eu confesso!), e as batatas fritas tradicionais com molho e em cone de papel, entre outros petiscos que encontrámos em bancas de rua e roulotes. Acho que podia fazer um post só sobre comida já que é um dos principais prazeres que experimento a viajar. Achei a alimentação holandesa muito apelativa, a oscilar entre o saudável e o nem por isso. Há muitos batidos, sumos naturais e iogurtes com granôla à venda por todo o lado, a variedade de saladas já prontas é imensa, o pão de espelta, mistura e sementes encontra-se em qualquer supermercado, bem como o xarope de agave, mas também é fácil ser tentado por bolachas, baggels e chocolates. No quarto e último dia fizemos a nossa única refeição a sério num restaurante, no Jardim Botânico. Comprámos almoço, three course lunch, e entrada no jardim em conjunto. Valeu muito a pena, estava fantástico e o jardim é lindo, foi uma excelente despedida. Na mala trouxemos bolachas e waffles para os miúdos e latas de arenque para nós. 
No segundo dia fomos à Concerto, uma loja de discos emblemática onde eu acho que nos cruzamos com o Paulo de Carvalho. Trouxemos um disco e um CD, mas eu por mim trazia a loja. Esta é a minha praia. O dia continuou com uma visita ao museu de Van Gogh, outro ponto alto da viagem, pelo menos para a mãe. Tínhamos adquirido os bilhetes online antes da viagem e ainda bem, porque, aqui também, a fila era longa. Este é o meu pintor estrangeiro preferido e adorei saber um pouco mais sobre a sua vida e as interpretações sobre as suas perturbações. É de facto mágico viajar sobre a sua obra, que é tão vasta e ver uma colecção tão rica das suas obras, embora não tenha visto alguns dos meus quadros preferidos, como o «Terraço do Café à Noite» que eu carinhosamente chamo de Café de Paris, pude ver outros como, «O quarto em Arles», um deles pelo menos. um dos emblemáticos «Doze girassóis numa jarra» ou aquele que erradamente é considerado o seu último quadro «O campo de trigo com corvos» e ainda «Amendoeira em Flor» e o «Par de Botas». Pude ainda apaixonar-me perdidamente por «A Ceifeira» e pela sua «Pieta (after Delacroix)» que não conhecia. A Constança dormiu a maior parte do tempo mas ainda acordou a tempo de sorrir para as cores. Adoro ver a reacção das crianças à Arte.
No terceiro dia passeámos pelo Albert Cuypmarkt, e pelas suas milhentas bancas de comércio e petiscos. Achei imensa piada às bancas de artigos para bicicletas, de campainhas a umas toucas que parecem de banho mas que servem para tapar os selins. As bicicletas são um marco incontornável na cidade, e muito embora amigas do ambiente, e sinónimo de um estilo de vida saudável são igualmente sinónimo de caos no tráfego muito por culpa de falta de legislação. A maior parte dos ciclistas não obedece ao código, não respeita sinais, nem ruas interditas, e circula claramente em excesso de velocidade causando inúmeros acidentes. Os ciclistas não são obrigados a ter seguro o que gera grande confusão. As crianças são transportadas muitas vezes sem protecção adequada. Os ciclistas circulam nas ciclovias, na estrada e estacionam nos passeios pelo que não é muito fácil ser peão nesta cidade sobretudo com carrinho de bebé, porque nunca sabemos muito bem por onde andar e muitas vezes temos mesmo de circular pelo meio da rua. As bicicletas têm acessórios surreais, cores e decorações excêntricas. Vimos algumas com verdadeiros atrelados.
Terminámos este dia com um passeio de barco pelos canais e pela parte Norte da cidade. É incrível ver a quantidade de edifícios construídos sobre a água. Passeámos ao inicio da noite pela zona das coffee shops.
Ao longo destes dias vimos muitas praças, pontes, estátuas. lojas, cafés e jardins. Assistimos a um concerto, percorremos quilómetros a pé e ainda assim tanto ficou por conhecer. Foram dias muito felizes, que passaram a voar e que, como tudo o que é bom, acabaram depressa demais. 

27.9.16

Zoku Amsterdam


Pelo manifesto consegue-se adivinhar em parte o conceito, o Zoku não pertende ser um hotel, nem tão pouco um conjunto de apartamentos, o Zoku é uma comunidade, uma célula viva a pulsar no interior da cidade. Assim que decidimos fazer esta viagem, pensei que gostaria de ficar num aparthotel no centro por causa da bebé. Num apartamento podemos fazer refeições, dispomos de um espaço extra quarto para cuidarmos dela, e ao mesmo tempo as comodidades de um hotel. Descobri o Zoku no Trivago enquanto procurava o que pretendia pois nas agências que consultei não tive sorte. O Zoku tinha sido inaugurado este ano, ficava no centro, dispunha de todas as comodidades que pretendíamos e mais algumas. Desde logo parece um daqueles apartamentos de exposição das lojas Ikea, com todos os recantos aproveitados. Até um mini escritório em frente a uma mini cozinha. A ideia é ter um apartamento mobilado para iniciar a vida laboral nesta cidade, ou para quem vem em trabalho ou uma segunda casa para quem vem de visita. O espaço comum dispõe de salas de reuniões convidativas com todas as modernidades para apresentações, exposições e brainstorming. Ao chegarmos disseram-nos também que era a sala comum a todos os inquilinos, com esplanadas de ervas aromáticas, com solário e vista privilegiada sobre a cidade, salas de refeições, gabinetes de construção, mesa de ping-pong e saco de boxe, sofás, televisões, computadores, uma mini loja que vende tudo, de cápsulas de café nespresso a cabos USB, café e restaurante. No espaço comum também encontramos Legos para brincar, revistas para ler, boiões com canetas, lápis e elásticos. Respira-se criatividade e há reuniões nocturnas, debates, provas de vinhos, tertúlias, brunchs e pequenos-almoços de hotel. 

No Zoku também se respira independência, à falta de palavra melhor, um género de espírito de «faça você mesmo e se precisar de ajuda então diga» que experimentámos desde o primeiro momento em Amesterdão. Na verdade esse espírito tivemo-lo desde o início na reserva que fizemos online. Ao aderirmos à comunidade recebemos um desconto. Toda a viagem foi feita de estreias. A esta somou-se a primeira vez que utilizamos o Uber. Correu tudo muito bem, conseguimos economizar bastante com estas opções. Outra estreia foi voar com uma bebé pequenina, e a logística que isso implica mas que ficará para outro post. Ao chegarmos ao Zoku entrámos por uma porta atravessámos o edifício e saímos noutra porta. Mas onde estará a recepção? Só depois de vir uma pessoa e nos informar que era no sexto andar saímos deste marasmo. Cabe na cabeça de alguém uma recepção no sexto andar? Queríamos fazer o check in. Sim, com certeza, está ali aquela máquina pode fazer se necessitar de ajuda diga. E pronto, estamos noutra realidade. A isto se junta uma despensa no fundo do corredor onde podemos recorrer para o caso de faltas, e que dispõe de electrodomésticos, toalhas, almofadas, detergente enfim um pouco de tudo, igualmente em self-service. Ao pé do elevador prateleiras cheias de quadros convidam-nos a trocar a arte no interior do apartamento. Trocar os quadros, a sério? No check out, também ele DIY entregam-nos uma chave de cacifo para guardamos os pertences até seguirmos viagem para o aeroporto e que fica ao pé da lavandaria na cave.

O apartamento totalmente equipado com máquina de lavar-loiça, placa, forno microondas, frigorífico, secador de cabelo, torradeira, máquina de café Nespresso e LCD era muito confortável: Não sendo grande (há uma versão maior) não era demasiado pequeno. Para o quarto, em mezzanine, acedíamos por uma escada que se corria de entre a estante de livros. 

Sim, adorei Amesterdão, e adorei encontrar uma realidade tão diferente que não se resume ao país liberal, cheio de bicicletas e canais que estávamos à espera. E acho que ainda gostei mais por ter morado aqui, nesta «segunda casa». Obrigada Zoku!