Sim, eu sei que estamos no último dia de Fevereiro, mas o Natal é quando um Homem quer, e por isso hoje faz todo o sentido.
O final do ano
não foi fácil para nós. Ao facto da Constança a não ganhar peso na escola e
ficar completamente fora do percentil, somaram-se bronquiolites, otites, os
primeiros dentes e por cima de tudo isso uma fractura da clavícula no berçário. Foi um
Dezembro duro. Às febres altas, diarreia, aerossóis e cinesioterapia respiratória, somaram-se
Raio-X, ecografias e idas constantes a médicos e hospitais. A meio de Dezembro
ainda não tinha árvore nem espírito de Natal. Mas claro, com a casa cheia de
miúdos é impossível fugir e lá fomos comprando algumas prendas, sobretudo
online. Mas o melhor do meu Natal não foram as nossas tradições, até porque este
ano me baldei a metade delas. Não fizemos
a árvore todos juntos, não vesti as patas ao peru, não coloquei a coroa à porta, não fizemos nenhum
doce, não comemos bolo-rei nem sonhos, nem
fomos à missa do galo. O melhor do meu Natal não
passou por aí. O melhor do meu Natal foi a calma da véspera. O adormecer com a
Constança enquanto ias buscar o meu presente, e
chegares sem eu dar por isso, com um
embrulho bonito e várias caixas de peixe para sushi. Foi oferecer um atum enorme à Rosa e um abraço entre lágrimas porque um cão é
parte da família. Foi a compota que ela nos deu e as bolachinhas de gengibre que a Rita do café do
costume nos ofereceu. Foram as prendas de Natal feitas pelos miúdos na escola. Um chocolate
quente para a mamã do Afonso, uns enfeites para árvore em barro, com os dedos e
os pés da Constança. Foi a foto dos dois na
escola, ela ao colo dele. Foi a festa de Natal em que tive pela primeira dois filhos. Foi a nossa sessão de fotos junto à árvore que é sempre
uma aventura. Foi saber que fazer a árvore era importante para a Mafalda e a
fazia feliz, sentir que a Marta queria ir à missa do galo, mas sobretudo, o facto de estarmos todos juntos com este presente lindo que é o fruto do nosso amor. O
melhor do meu Natal foi o sorriso dos miúdos mas também o teu. Sentir que tudo o
que escolhi para ti fazia sentido e te deixava feliz.
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