Final do Verão de 2013. Uma semana depois.
Depois de me divorciar e começar a refazer a minha vida comecei a ter perdas de sangue a meio do mês que foram aumentando gradualmente. Depois de fazer diversos exames descobri que tinha múltiplos miomas no útero, dos três tipos: subserosos; intramurais e submucosos, Numa altura complicada da minha vida, com idas a tribunal para regular a guarda, precisava de energia mas sentia-me esgotada. Experimentei várias terapêuticas mas as hemorragias continuaram a aumentar, tendo períodos menstruais de cerca de um mês e consequentemente anemia. A par das hemorragias apareceram as dores, a fraqueza, quebras de tensão frequentes e um mau estar generalizado. Recorri a inúmeros especialistas. A opinião era unânime. No meu caso, devido a serem múltiplos miomas daqueles que dão chatice, o tratamento recomendado era a histerectomia. Foi um choque. Eu já tinha sido mãe, o Carlos tinha duas filhotas, não éramos propriamente uma família pequena, mas eu queria ter mais filhos. Queria ter um filho do homem que eu tanto amava, queria dar um irmão aos três, mas acima de tudo queria ficar bem. Foi em conflito interno com a minha decisão e com uma enorme tristeza que marquei a cirurgia.
Já com a data marcada ouvi falar de embolização, uma técnica de radiologia intervencionista que consiste na obstrução intencional de um vaso impedindo que o sangue continue a passar nesse local, resultando em isquemia. Muito embora esta técnica seja usada para tratamento de miomas há muitos anos, só desde 2004 é utilizada para o tratamento de miomas uterinos em Portugal e por este hospital, sendo que é já aceite como intervenção em praticamente todos os seguros de saúde. Foi então no Hospital de St. Louis em Lisboa que conheci o Dr. Pisco e constatei que era possível no meu caso realizar o procedimento. Apenas num dos miomas, o maior, a taxa de sucesso seria até 70%. A embolização parcial permitir-me-ia tentar engravidar de novo, embora a fertilidade não ficasse assegurada. Os restantes sintomas desapareceriam.
Por não ser um procedimento invasivo não ficamos internadas e saímos passadas umas horas pelo nosso pé. Não fiquei com cicatriz e embora tenha sofrido algum mau estar durante um mês após a intervenção, ele desapareceu gradualmente.
Seis meses depois da intervenção a ressonância magnética permitiu-me verificar que a isquémia era superior a 90% em todos os miomas. O Professor Pisco disse-me que estava curada e não precisava de voltar a repetir os exames poderia controlar por ecografia com a minha médica obstetra. A Dra. Rosa Carvalho tinha pacientes que já tinham sido intervencionadas e conhecia esta solução, mas há muitos médicos que a desconhecem. O Professor Pisco faz questão de convidar a nossa médica para assistir.
Esta sua intervenção é objecto de estudo em vários países e apesar da taxa de sucesso encontra-se ainda em fase experimental. Em 2013 eu tive a sorte de ouvir uma história na primeira pessoa que me permitiu fazer a escolha certa. Em 2015 o meu (nosso) milagre aconteceu e em 2016 faremos parte desta lista, nascerá a nossa filha.
Esta sua intervenção é objecto de estudo em vários países e apesar da taxa de sucesso encontra-se ainda em fase experimental. Em 2013 eu tive a sorte de ouvir uma história na primeira pessoa que me permitiu fazer a escolha certa. Em 2015 o meu (nosso) milagre aconteceu e em 2016 faremos parte desta lista, nascerá a nossa filha.
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