2.12.15

Melhor amigo?

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A semana passada uma colega do Afonso defendeu-o de um amigo. Disse-lhe que precisava de ter uma conversa muito séria com ele e depois disse-lhe que ele não podia estar sempre a bater no melhor amigo. Nesse dia enquanto a mãe dela me contava e ao pai dele a história percebi imediatamente que era o Afonso o melhor amigo. Fiquei tristíssima. Na verdade havia sinais. Sempre que o vou buscar à escola o amigo estava sempre em cima dele, mesmo à minha frente e eu via-me aflita para os separar. O amigo pegava-o pelos colarinhos encostava-o à parede para que fizesse o que ele queria, normalmente para deixar lá a bola ou outro disparate qualquer. Não adiantava dizer-lhe para parar e não posso estar sempre a ralhar com ele, não é meu filho. As auxiliares não intervinham. Mas naquela manhã, ao ouvir aquela história, o chão fugiu-me. Até uma colega sentiu que era demais e tentou defendê-lo. Aborrecida contou à mãe que o miúdo a ignorou e estava zangada por isso. Enquanto ouvia a história o pai teve a mesma reação que o filho ignorou e foi-se embora.
 
Falei de imediato com a directora que comentou que vários pais se haviam queixado e que também já tinha assistido a essas cenas entre os dois. Disse-me para eu não me preocupar que iria resolver tudo. Nesse dia a Inês foi à turma falar sobre o comportamento daquele menino. O menino ficou de castigo toda a semana e os pais foram chamados ao Externato.
 
Quanto ao Afonso, percebeu que melhor amigo não pode ser nunca aquele que bate. Ser amigo não é nunca forçar, magoar, desrespeitar. Claro que há sempre lutas, são miúdos, mas não pode ser jamais um hábito. Perguntei-lhe porque não reagia, porque não se defendia. O Afonso foge, é essa a estratégia dele, não gosta de bater. Nem é isso que quero que faça. É um dos maiores da turma, se lhe dá para aí estou tramada, mas pelo menos que se defenda, com as técnicas que aprende no karaté, defesa média, defesa alta. Diz que na altura nunca se lembra. Não insisti. Acho que naturalmente virá.
 
Nessa noite, arranjámos um miminho para a Leonor e escrevemos um bilhete. Obrigado Leonor, que mantenhas sempre ao longo da vida o teu sentido de justiça. Meio atabalhoado lá lho deu no dia seguinte. Ficou derretida, orgulhosa e ainda bem, afinal a sua acção não foi ignorada, teve uma consequência boa. E agora o recreio tem andado mais calmo e o Afonso mais tranquilo. Já tem novos melhores amigos.

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