3.10.14

Mira


Deste novo tempo, desta nova vida e das coisas todas que sinto e não sei explicar, tu és a mais tangível. És tu que me trazes esta realidade das coisas, a verdade crua e despida de floreados, a essência das coisas boas, o amor. Oxímoro ou não és também a mais idealizada, a mais irreal, o sonho que em tempo algum pensei tornar realidade. Não te quero convencido, porque a perfeição não existe, mas tu és o mais próximo que encontrei num Homem. Amo-te de tantas, senão todas, as formas possíveis. Amo-te nas palavras, nas acções, amo-te perto, longe, nos afectos, com as pessoas, amo-te em várias línguas, em vários verbos, adjectivos e pronomes, em atitudes, amo-te física e etereamente.

Tu és a minha bitola da realidade.  


É difícil explicar a visão a um cego e eu fui tantos anos cega. Mesmo quando as coisas são duras, e são-no muitas vezes, mais do que poderiam ser certamente por teimosia de alguns, o sentimento que se sobrepõe sempre é este: tu és real, a vida ao teu lado é efectiva e maravilhosamente real. O momento, bom ou mau, é vivido da forma que, e com quem, eu escolhi viver. E esta realidade, esta sorte, este contentamento, que eu conheço contigo, jamais o poderia sentir ou viver desta forma, com outro alguém que não tu.
 
E os nossos filhos, sei que terão em nós essa certeza, de que sim, de que assim vale a pena.  

Ser, pertencer, amar em reciprocidade, só assim faz sentido. Não se perde o que nunca foi nosso para possuir. O amor assim como o desamor toldam-nos a racionalidade, mas ninguém é de ninguém. E a maldade não se justifica no desamor.
 
Eu sei que sou tua e sei que és meu. Sei que algures, no Universo ou nas estrelas estava escrito, seria assim, da maneira imperfeita e tardia, complicada mas simples que foi, porque o que tem de ser será, independentemente de nós. E o amor, quando verdadeiro, acontece de forma mais ou menos conveniente, quando tem de ser. E esta autenticidade sente-se e subentende-se na cumplicidade e linguagem que ultrapassa as palavras, daqueles que se amam. 


 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário