27.12.13

O essencial


Há um tempo para parar e dedicarmo-nos de corpo e alma a uma causa. São momentos duríssimos revestidos de sentimentos fortes, pungentes. Ficam apurados os sentidos, reservam-se as forças para o essencial. E o essencial oferece-se vestido de uma simplicidade que tantas vezes, noutros momentos da nossa vida, nos escapa. Amar e ser feliz. Perdemos demasiado tempo com o acessório nesta vida, distraímo-nos, descentramo-nos, adensamos novelos de más escolhas e vamos dando nós para disfarçar. Voltar atrás é demasiadas vezes complicado demais. Não deveria ser.

O Natal passado foi o primeiro nesta nova condição, para mim e para o Afonso. Não foi um Natal fácil por tantas coisas, mas nem por isso foi menos bonito. Como explicar o que sente? Fizemos a árvore ao som de um disco fabuloso, encontrámos prendas lindas, perfeitas e muito sentidas, fizemos pela primeira vez o peru, fomos pela primeira vez à missa do galo. E apesar de estar quase tudo de pernas para o ar na minha vida, estava tudo, pela primeira vez, no sítio certo. E por isto tudo o Natal passado foi estranha e curiosamente o Natal mais feliz da minha vida. Este ano foi o primeiro Natal a cinco. Foi um Natal mais calmo apesar da casa cheia. Por tantas razões um natal mais simples e de paz. 

Este ano a nossa tradição repetiu-se (basta um ano para nascer uma tradição), peru na consoada e missa do galo a seguir. O tempo chuvoso do dia deu lugar a uma noite serena, e lá ouvimos juntos uma estóica meia hora de missa, que aos miúdos já não se pôde pedir mais. Neste natal por tantas razões agradeci, e neste momento, ao contrário de tantos outros na nossa vida, valorizei o essencial, o mesmo que tantas vezes nos escapa. Amar e ser feliz.

2 comentários:

  1. resumiste tão bem o essecial: amor e felicidade. nada mais importa.
    e criar tradições, que são as vossas, há coisa melhor? :)

    ResponderExcluir