A imaginação é uma arma poderosa. Se pode ser mal utilizada? Evidentemente. Qualquer vilão que se preze tem uma imaginação fervilhante e um cientista aliado para pôr as suas ideias maquiavélicas em prática, mas as probabilidades da imaginação servir para boas causas, quero acreditar, é bastante superior. Um espírito criativo cria soluções, inventa caminhos, alternativas, antecipa jogadas e constrói pontes sobre areias movediças. Sim, não é preciso ter lógica ou fazer muito sentido, porque a criatividade alimenta-se do improvável e até mesmo do absurdo. Uma pessoa imaginativa consegue dar ânimo ao mais derrotista dos espíritos, acender uma luz ao fundo do túnel e, não raras vezes, consegue devolver um sorriso a um pessimista, porque consegue sobretudo desenhar saídas. As pessoas com grande imaginação inspiram porque não sabem travar, têm uma e outra ideia e vão por ali a fora num caminho conturbado entre a loucura e o génio, muito íngreme e a descer, tal e qual uma criança a andar pela primeira vez numa bicicleta sem rodinhas.
Alimente a imaginação deles como alimenta o corpo. Deixe-os realizar os seus próprios filmes sem os castrar ou corrigir em demasia. Sim, eles vão aprender a dizer bem as palavras, a soletrar correctamente, a não dizer coisas sem sentido, isso tudo vai acontecer mais cedo ou mais tarde, com ou sem a nossa intervenção. Até lá, experimente dizer que vê os mesmos lagartos com asas, que comem pedras e folhas, deixe que a água seja uma palavra masculina, e concorde que as janelas da casa da amiga são bonitas. É que um dia mais tarde quando for mesmo, mesmo preciso comer folhas e pedras, o lagarto com asas pode ser a solução!
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