Foi com o André que aprendi que devemos falar para quem nos quer ouvir. Uma ideia tão simples e no entanto tão difícil de pôr em prática. Quantas vezes queremos dizer alguma coisa a alguém de quem gostamos com o intuito de lhe abrir os olhos e de lhe poupar sofrimentos futuros, e no entanto, com este acto de dizer já o fazemos? Afinal ao dizer antecipámos nós mesmos esse sofrimento, suprimindo inclusivamente a ingenuidade da felicidade que antecede a descoberta, amputando todo o processo cruelmente. Poderemos nós adivinhar meramente suportados na experiência pessoal outros destinos? Será o destino assim tão previsível? Ao relatarmos um desfecho possível como algo que se superou não estaremos a ser narcisistas ao ponto de pensar que a maneira como superámos determinado acontecimento é a ideal? Se as lições são pessoais como poderão servir a outrem senão como consulta?
Por outro lado, quantas vezes ao longo da vida diferentes pessoas nos tentam transmitir uma mesma ideia, e não a interiorizamos? Quantas vezes muito mais tarde a vimos a apreender com outra pessoa completamente diferente?
Afinal cada um de nós aprende as suas lições quando está receptivo para as aprender. Ouve as palavras que já foram ditas tantas vezes, apenas no momento em que está preparado para as compreender.
Aprendi recentemente que não dizer a um amigo o que pensamos pode ser a forma mais complicada e difícil de demonstrarmos o nosso afecto. Deveremos no entanto, sempre que possível orientá-lo para a sua própria descoberta.
A quem interessar peço desculpas por sempre ter agido inversamente. Sempre disse tudo o que pensava mesmo quando me custou muito fazê-lo.
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