19.8.16

Quinta dos Machados - as primeiras mini férias fora


Pensei nestes dias ainda grávida, na altura em que se marcam as férias. Não imaginava como seria fazer um fim-de-semana prolongado fora a quatro, mas pensei que seria bom para espairecer e sair da rotina. Não imaginei uma viagem longa, nem tão pouco muitas actividades. Imaginei piscina, sol, descanso. E quando encontrei o voucher Odisseias da Quinta dos Machados não pensei duas vezes.

Foi tão, mas tão bom sair da rotina e entrar em modo férias. Bem sei que não estou a trabalhar por enquanto, mas em casa, de licença, não me sinto propriamente de férias. A logística que envolve viajar com um bebé ainda é grande, mas correu tudo bem. Arranjei uma banheira insuflável da Imaginarium para quando estamos de viagem e levámos o berço e o ovo. 

A Constança estranhou no primeiro dia, o calor, a casa, o espaço não ser o dela ao final do dia. Mas rapidamente se adaptou e até acho que os ares do campo lhe fizeram bem. Dormiu bem todas as noites e até algumas sestas grandes durante o dia e veio de lá mais rechonchuda. O mano andou numa alegria, adora as férias, e o difícil foi tirá-lo da piscina. Por ele mergulhava todo o dia. 

Adorámos a Quinta, os vários espaços e a simpatia e profissionalismo de todos os que nos receberam. O restaurante é muito bonito e embora a ementa não seja muito diversificada, tudo o que provámos era de facto muito bom, sobretudo as sobremesas. O voucher incluía um massagem e eu fiz duas. Uma às costas que me soube pela vida e outra reafirmante. A Guida eliminou-me muitas contraturas na cervical, das posições erradas que adopto a meio da noite a amamentar e sinto que recuperei anos de vida. O hotel dispõe ainda de um mini ginásio e uma zona Spa com jacuzzi, sauna, banho turco e solário. Para aceder dispomos de um cacifo com chinelos e roupão. Não usufruímos muito deste espaço que preterimos à zona da piscina e ao ar livre. No salão pudemos jogar jogos de tabuleiro, mas dispõe igualmente de uma televisão com sofás e uma mesa de snooker. 

A Quinta dispõe de um espaço mais rural com caminhos pedestres. Fizemos um piquenique rodeados de ovelhas. Planeei esta merenda, levei a nossa cesta, bebidas, batatas e encomendámos umas bifanas em pão de Mafra. Foi muito engraçado mesmo com formigas por todo o lado. 

Num outro dia fomos almoçar a Mafra, visitámos a igreja do Palácio. Fomos até à aldeia típica de José Franco que eu tanto gostava em miúda. O José Franco já não é vivo mas o espaço conserva algum encanto, e um dos seus funcionários interage com os visitantes, e ofereceu uma pequena peça ao Afonso e aos outros miúdos que por ali andavam.

Antes de regressarmos bebemos um chá da eternidade com uns biscoitos caseiros de alfazema, mesmo antes de completar os meus 38 anos. 

10.8.16

Slow Living


Tenho tentado encontrar o meu ritmo, o nosso ritmo, que também pelo facto do Afonso estar de férias e o Carlos a trabalhar, é diferente. Tenho estado em casa com os dois, Afonso e Constança, e passo grande parte do meu dia a amamentar. Nos «entretantos» há coisas por fazer e tenho tentado (des)complicar. Digo tentado porque nem sempre consigo. Raramente acabo uma tarefa à primeira, mas não faz mal, vou fazendo, já aprendi a não exigir a perfeição. Nestas últimas duas semanas empreendi no jardim. Como não gosto de pesticidas e o jardineiro não tem vindo, vou arrancando ervas daninhas à mão. Para limpar e organizar um cantinho de arrumos demorei uma semana. Varria e limpava enquanto ela dormia, mas o sono dela tem sido difícil durante o dia quando não está ao meu colo e assim que começava interrompia. Está feito, demorei mais mas não importa. 

Fazer os TPC de férias com o Afonso e seguir os conselhos da professora para treinar a letra tem-se mostrado uma tarefa hercúlea. E eu sem me querer zangar e sem querer que ele ganhe aversão a estudar comigo. Mas desespero ao fim de uma hora em que tudo o distrai, de uma mosca ao próprio ar que respira. Isto já depois de levar uma boa meia-hora a convencê-lo a começar. E grita e diz que «Não!» e depois zangado até risca o caderno. Não gosto disto de nos zangarmos e não resulta pelo que agora mudei de estratégia. Um pouco como procurar a melhor letra da linha em vez da pior. Uma amiga professora deu-me umas dicas que já comecei a meter em prática, avaliamos o que fez, trabalhamos por objectivos, colocamos stickers no quadro. Em vez de ficar sem tablet ganha mais tempo no tablet se tiver boa nota na ficha. E entretanto lembrei-me de trazer a secretária dele para a sala. Temporariamente o local de estudo será este pelo que faz sentido que assim seja. Adorou a ideia. Vamos ver. 

Em relação à irmã está sempre aos beijos. Continua solicito e adora ajudar muito embora por vezes se entusiasme, estroina, e abane demais o carrinho ou corra com ele pela casa se me distraio. Não quer que ela chore, entretém-na, fala para ela e ela ri-se muito para ele. Ajuda-me tem bom coração. Por outro lado tem ciúmes e quer o meu colo quando ela lá está, quer beijos da mãe e selfies a três, eu divido-me. Tem o seu tempo de filho único à noite quando lhe leio a história e falamos sobre como correu o dia, o que ainda queremos fazer estas férias ou outras coisas que lhe interesse falar. Ultimamente pergunta-me coisas sobre as viagens que fiz, diz que quer viajar comigo. Talvez um dia. Adoro este momento, e ele também. Durante o dia tem dificuldade em não acordar a irmã, está barulhento, e muitas vezes grita porque se esquece. Da casa de banho no outro dia gritava «OH MÃEEEEE?????? POSSO PUXAR O AUTOCLISMO OU ACHAS QUE ACORDO A MANA????» claro que o grito foi mais que suficiente. Fica à minha espera para se vestir, lavar dentes e até para se limpar na casa de banho. Regrediu um bocadinho, dizem que é normal. 

Ela está cada vez mais mãe, o que me deixa pouca folga, só acalma comigo do choro mais intenso ao mais leve. Ao colo já me pesa mais e a minha coluna ressente-se porque por ela é o dia inteiro e parte da noite também. Adormeço nas posições mais estranhas. Por outro lado está mais esperta e sorridente e já dá grandes gargalhadas que nos derretem. Quando me sinto mais cansada olho para o seu olhar derretido e sinto-me a transbordar de amor. Desacelera mamã, aproveita este momento. 

Tenho por isso tentado viver a vida com uma calma maior, que me é atípica. Não dá para arranjar as mãos não há crise. Não dá para ir onde planeámos porque está num dia não, não faz mal. Tudo se faz. Estive mais de dois meses a tentar combinar um café com uma amiga de infância que também teve um bebé recentemente e lá conseguimos perto do regresso dela ao trabalho. Valorizo muito este tempo em casa. Faço coisas, organizo gavetas, caixas, uma série de roupa que comprei de Outono/Inverno para ela em stock off da Zippy. Organizo o material da escola do Afonso, a roupa que já não serve para dar ou vender. Planto coisas no jardim. corto ramos, rego, espalho borras de café, apanho ameixas e pedras da relva, varro as folhas, apanho tomates. Faço temperos caseiros, azeite aromatizado, picante caseiro, vinagre. Fazemos biscoitos, um género de gyosas em papel de arroz. Aproveito o tempo que estou com ela ao colo para responder a emails, mensagens e ler livros, ou então jogo na consola com o Afonso (tento vá) e às cartas enquanto estou a amamentar. Divido-me.

Este é o melhor ano da minha vida, vou ter imensas saudades deste tempo único com eles. O Afonso anda encantado por não termos os milhentos programas que a mãe estava sempre a inventar, porque eu sei e sinto nele que também precisa deste tempo para não fazer nada, para descansar, brincar ao seu ritmo. Não é preciso muito para sermos felizes é pena que nem sempre o saibamos aproveitar.