O meu amor crescido recebeu com tanta alegria a mana mais nova. Ela trouxe-lhe um CD com músicas que ele gosta mas trouxe com ela muito mais que isso. Ela é o presente. Carinhoso quer participar em tudo, penteá-la, vesti-la, quer vê-la sempre, enchê-la de beijos a toda a hora mesmo quando está a dormir. Diz que a ama. Pergunta-me se ela sabe disso. Dá-lhe a sua bochecha para ela lhe retribuir os beijos. Sente beijos dela (é o único até agora :) E ela abriu pela primeira vez os olhos ao ouvir a voz dele.
E o Dengaz também tem uma andorinha tatoada na mão. E por cá já pendurámos a nova andorinha à porta. E o Afonso só me fala em acrescentar a mana antes do dia da mãe, que era a prenda deles.
E chega o dia 25, o dia em que ela devia ter nascido, o nosso dia tão querido e almoçamos frango assado para matar saudades e ele quer um gelado à tarde mas diz que dói a barriga. Depois bebe água e diz que está mal disposto e vomita. E depois vomita outra vez e outra, e muitas outras, tantas seguidas que perdi a conta. E depois já só sai bílis e ele fica pálido. E depois vamos ao hospital e pelo o caminho paramos várias vezes para ele vomitar. E no hospital enquanto esperamos vomita vários sacos. E estava imensa gente. Tantas crianças. E quando muitas horas depois nos atendem estava fraco, desidratado. Tem sede mas não aguenta a água nos lábios. E fica em observação e fazem análises, e recebe muito soro. Muitos sacos. E continua a vomitar. E depois vem a febre. E a diarreia. E cada vez que tenta beber água ou comer uma bolacha vomita. E passa um dia inteiro e é internado. E todos no hospital são simpáticos e queridos, e o quartinho é lindo e tem bonecos nas paredes, mas não é a nossa casa e nós queríamos estar em casa. Ainda há pouco tempo a mamã estava no hospital, ele diz às enfermeiras. Diz que sou a pessoa que mais ama no mundo. Quer mimo. E é verdade ainda agora nos tínhamos reunido e já estamos separados de novo. E eu divido-me entre ele e a irmã que está no carro e que vou amamentar de 3 em 3h. É uma gastroentrite viral que atacou forte e feio. É contagioso. Cada vez que saio e entro desinfecto-me toda. Foi duro. Mal dormimos por estes dias, mal comemos. Mas o pior é o sentimento de impotência que como mãe senti, a vontade de tomar as dores dele.
Obrigada mãe, uma vez mais, pela disponibilidade, pela entrega mas sobretudo pelo carinho que também lhes tens. Quem meus filhos beija minha boca adoça.
Às enfermeiras e médicos do Hospital de Cascais um grande bem-haja. Profissionais meigos e atentos que nos trataram tão bem, a diferença entre um emprego e uma vocação. E aos Dr Palhaços que nos animaram no dia mais cinzento que passámos no SO, obrigada por o fazerem sorrir. Até parece que dói um bocadinho menos. Ficámos impressionados com as condições, dos quartos, às salas de apoio, leitura, brincadeira, diz que até há cinema aos Sábados. Deixámos um brinquedo nosso para outros meninos e para trás a memória de um 25 de Abril que não foi bem o que nós esperávamos.
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