24.4.15

Abril



 
Abril é para mim um mês querido. Um mês de mudança, um mês de coragem, um mês desejado. Um mês em que precisei de toda a força para mudar o que não estava bem há já muito tempo. O que ninguém mudou por mim, apesar das palavras, apesar dos actos, durante anos. Saber que o amor não existe deveria ser o bastante, mas nunca foi. E quando ninguém nos liberta temos de ser nós, em algum dia, porque a vida é nossa para viver. Saber o que se quer e coragem para seguir esse caminho é tudo o que precisamos, o resto vem. Ao fim de três anos gostaria que o balanço fosse diferente em tanta coisa, mas no essencial superou as minhas expectativas. Tenho tendência a esquecer-me de valorizar este lado mas eu sei que a vida só faz sentido assim, com um grande amor ao nosso lado. O vosso sorriso é tudo o que eu preciso para me sentir completamente feliz. O Afonso é a minha pessoa e tu és a minha escolha, mas este mês, este mês é só meu. Porque eu não escolhi em nome de ninguém, escolhi-me a mim. E não há pacote de açúcar como o pacote em branco, para escrevermos o que quisermos.
 
Ao Afonso só espero dar o exemplo de que devemos lutar muito pela nossa felicidade, afinal de contas nós somos responsáveis por ela. Nem tudo é como esperávamos e o que começa de uma forma pode resultar de outra não obstante as nossas melhores intenções. Mas a verdade é que nunca perdemos o que não é verdadeiramente nosso para perder e as pessoas não nos pertencem. O peso que atribuímos a isso, e o peso em que nos transformamos para os outros, aquela forma como lidamos com os revezes da vida é que nos define. É a nossa acção, a nossa palavra, a nossa franqueza. A intenção por detrás do gesto. É por isso que quero que lutes pela tua verdade, não pela verdade sórdida, quero que sejas sincero com os teus sentimentos, não sincero por conveniência, quero que cresças sabendo que a palavra que se dá é para se manter, não para voltar atrás, até porque tudo isto faz a diferença no carácter dos homens. Mas acima de tudo quero que saibas que não podemos obrigar ninguém a viver a nossa verdade connosco e que é preciso respeitar a liberdade e as escolhas dos outros sobretudo quando elas são diferentes das nossas, e mesmo quando isso nos custa muito. Gostar também passa por isso. A nossa liberdade termina onde a do outro começa.   
 
Também nas coisas pequenas é um mês de mudança, estou na última embalagem do meu chá com leite, descontinuado infelizmente. Rendi-me às alpercatas e adoro a minha prenda antecipada do dia da mãe, Paez de cores bonitas e que dão um andar tão bom, bem melhor do que andar descalça.
 
No fim-de-semana sem miúdos visitámos a Adega Mãe, uma homenagem dos filhos Riberalves à sua mãe. Uma adega feminina, bonita, moderna, com vinhos excelentes e que merece uma visita. Nas paredes gravada a inscrição «Os homens são o que as mães fazem deles.». Nestas semanas que antecedem o dia da mãe fizemos uma mão para a escola com uma tatuagem chinesa. Sabes o que dizer à Dina quando ela perguntar o que quer dizer? Wo Ai Ni mamã. Eu também meu amor, e adoro poder dizê-lo em várias línguas. O meu gabinete está cheio de desenhos, e tem alturas que parece a escola. Não me importo nada.  
 
Quase a fazer 6 anos verifiquei na consulta que nunca esteve tão bem, vê bem, está óptimo das amígdalas e há vários meses que não toma um antibiótico. Engordou 6 Kg desde a operação em Novembro. Está feliz, crescido, meigo. Fez as vacinas com distinção, sem resistir, sem chorar e ganhou dois diplomas, um por cada vacina. Faz as questões certas, tem uma imaginação maior que a minha. As nossas conversas diárias davam um belo livro. Ontem de manhã antes de irmos para a escola disse-me que achava que Jesus era um fantasma porque já tinha morrido e andava no meio de nós mas nós não o víamos. Deixa-me muitas vezes sem argumento na sua inocência.

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