A ansiedade
com a chegada da noite da consoada marcou a quadra. Nunca mais é o dia, e mal
dormem na expectativa das prendas. Nós que só os queremos é ver felizes
deixamo-nos contagiar, recordando que também já fomos crianças. E enquanto de véspera
os miúdos viram desenhos na televisão e dançaram contentes músicas de
Natal, inventando coreografias e cantando bem alto, nós fomos tratando do peru
e do seu recheio. O peru foi a banhos de laranja e limão e assim ficou toda a
noite. Eu fiz tarte de maçã e canela que ficou tão bem com chá. No dia seguinte a casa encheu-se de sonhos, bolo-rainha, fatias douradas, e Tronco de Natal. Cansados mal dormimos porque os miúdos acordaram bem cedo que o relógio «das
coisas que querem» toca bem cedo dentro deles. E o dia foi fantástico. Ao almoço
comemos peru, ao jantar peru comemos. Abrimos as prendas, vimos aqueles
sorrisos, e estivemos juntos, que é para mim a parte mais importante e melhor. Tirámos
a já tradicional fotografia ao pé da árvore. É sempre uma «guerra» ver se
ficamos todos bem, garantir que ninguém faz birra, e que é só sorrisos, e ninguém
está desfocado, coisa que envolve sempre largos minutos e várias tentativas. As
meninas não ficaram para jantar este ano, mas os avós e a bisavó juntaram-se a
nós. Mais tarde enchemo-nos de coragem e casacos e fomos até à missa do galo, porque
este ano temos muito para agradecer. No dia 25 a festa continuou, comeu-se
cozido à portuguesa em casa da minha mãe, e já com irmã e sobrinhos,
celebrámos.
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