Quando eu tinha a
idade do Afonso os meus pais foram chamados à escola. A professora pediu-lhes
para me contarem a verdade sobre o pai-natal. E assim, nesse ano, a minha prima
que costumava desaparecer a meio da festa e tocava à porta vestida de pai-natal,
despiu a máscara à minha frente. Só sei a história pelo que me contam pois não
me recordo de nada. Ainda hoje acho estranho não ter más memórias a este respeito. Acho que foi pelo facto de continuar secretamente a acreditar.
Na escola, os colegas diziam que o pai-natal não existia, mas eu insistia em como
ele ia lá a casa. Na minha turma, eu era a única a acreditar.
Acho que a Mafaldita
é como eu. Que basta algum adulto de confiança dizer que ele existe para valer
como uma prova cientifica. Acho que secretamente também tem uma vontade grande
de acreditar, mas depois a razão e a experiência confirmam-lhe o contrário. É a
imaginação em contraponto com o seu espírito de cientista. Já o Afonso sabe não
mas diz que sim, que todos os anos recebe uma carta de volta. Ou várias. E é
verdade. No outro dia discutíamos isto lá em casa. Eu gosto de manter a história
viva. Todos os anos escrevemos ao Pai-Natal, ao francês por email, ao dos CTT e
ao da Lapónia por carta. Digo ao Afonso que escrevemos para várias moradas
porque nunca sei em qual delas ele está de momento. E este ritual tem uma magia
única. Mais do que ensiná-lo a pedir presentes eu peço ao Afonso para fazer um
balanço do seu ano. Como se portou, o que tem a agradecer, o que espera daqui
para a frente.
Na semana passada o Afonso foi com
os colegas da turma entregar a carta ao pai-natal aos correios. E no fim-de-semana estivemos a pintar um pai-natal de gesso. Sei que esta história não vai
durar muito mais, mas enquanto dura a alegria é muito maior.
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