9.4.12

A Primavera cá em casa


Num dos cursos que tirámos o André falou-nos de um agrónomo que não consigo precisar o nome, que tinha por hábito deixar a horta crescer sem qualquer organização. Na verdade, o plantio era feito com uma mão cheia de diferentes sementes e as que crescessem eram plantas companheiras. Este método de selecção natural, evitava a chatice de planeamento e rotação de culturas, sobretudo na policultura de minifúndio e nas hortas urbanas. É claro que é importante planear, saber quais as plantas antagónicas e companheiras, que as aliáceas têm uma acção anti-bacteriana e que as leguminosas fixam o azoto no solo deixando-o mais rico, mas é também verdade que se formos ler a enciclopédia antes de pôr mãos à obra nunca mais começamos, pelo que aqui como em tudo, o ideal é o meio termo. 

Eu ainda me lembro de não gostar de formigas, e ter medo de aranhas, e de achar feio ver os trevos ali no meio dos alhos franceses. Acontece que o trevo à semelhança das leguminosas também fixa o azoto, e que as urtigas para além de afastarem algumas pragas são excelentes fertilizantes. 

A nossa horta cresce de dia para dia, e nela os legumes plantados convivem com os que de sementes dispersas surgiram de forma espontânea. A nossa horta é de um conhecimento de experiência feito, em que sem querer descobri que as chagas que plantei para as saladas atraem os pulgões, e que a terra tem de estar fofa para os legumes crescerem. 

No entanto nada disto me deixa de surpreender, como as orquídeas que nasceram à porta de casa, de um vaso que alguém nos deu. No fundo somos feitos da mesma matéria, há em nós e nas plantas um número mágico, uma origem comum, e a Primavera é uma estalada perfeita para quem como eu nasceu na cidade. 

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