23.10.10

Tesouros


Esta casa tem imensosssss tesouros. É quase como uma mistura entre kinder surpresa e matrioska, depois de uma surpresa vem outra e logo outra, e outra, até perder de vista. Em um dos anexos descobrimos uma colecção de presépios com direito a palhinhas e tudo. Um deles é bastante antigo e vou tentar recuperá-lo. Talvez peça ajuda à Inês, a minha cunhada e artista da família. Hoje o André foi buscar estas relíquias ao anexo e eu estive a lavá-los e a estendê-los, aproveitando este sol de S. Martinho antes que se vá. Mais importante que a árvore este ano, vai ser montar o presépio. Não sei se tenho mais fé, penso que tenho apenas mais a perder do que antes, e sinto uma enorme vontade de agradecer por isso.
Sempre que penso em presépios, recordo como o meu pai me levava em criança a vê-los em vários locais. Essas memórias fazem parte do meu imaginário infantil. Curiosamente, recordo sempre igualmente José Hermano Saraiva, coleccionador de peças de presépio há mais de 70 anos. O professor ofereceu a primeira peça do presépio à sua então namorada, hoje sua mulher, com apenas vinte anos. Diz que o presépio é um culto simbólico à família e à Criação. José e Maria, são inclusivamente os nomes do professor e da esposa. Sempre achei a história muito bonita e romântica, embora só hoje me aperceba da dimensão e profundidade deste gesto. Imagino o que seria para uma mulher católica, na altura, receber do namorado uma peça que encerrava em si uma promessa de fidelidade e de construção.

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