Não sou nenhuma especialista mas já dei muitas vezes com a cabeça. Vezes a mais. Já sofri muito e já fui muito feliz. Já acertei. Já errei. Mas quanto mais cresço mais me apercebo que as certezas que antes tinha são efémeras. É tão fácil falar. Sei que luto todos os dias pela minha felicidade. Sei que não é fácil ser feliz. Sei que sou inconstante e uma eterna insatisfeita. Mas também sei dar valor ao que tenho. Penso que o que hoje falta às pessoas é aceitação e capacidade de ceder. Não podemos querer constantemente mudar aqueles que gostamos à nossa imagem e semelhança. Cada pessoa é como é. Se gostamos de alguém devemos gostar dos seus traços mais característicos de personalidade. Se por um lado, com o tempo, as pessoas acabam por se adaptar em termos de feitio para encaixarem uma na outra, não devem porém partir dessa premissa. No final do dia é preciso haver vontade. É preciso arranjar energia, desencantar paciência, respeitar, agradar. É preciso sorrir. Ninguém gosta de ver sempre uma cara feia do outro lado da mesa. Mas acima de tudo, é preciso ceder. Há uma divisão de espaço e de tempo na vida a dois. Prescinde-se de muito. Abdica-se. As cedências devem ser partilhadas. Não devem ser impostas, ressentidas e resignadas. Amor é entrega, confiança, abnegação. Qualquer investimento menor, menos empenhado, menos sentido, fará com que deixe necessariamente de valer a pena.
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