10.12.09

Desabafos

Pois que tenho saudades de pessoas novas, com palavras e ideias novas. Tenho saudades porque isso me acontecia frequentemente na adolescência, a novidade espreitava a cada esquina, era-me difícil não esbarrar nela mesmo sendo distraída. Hoje sofro de um sindroma de mulher casada-há-muitos-anos-semi-encantada-com-um-improvável-amante-platónico. É absolutamente assexual e desinteressado. Sinto que estou farta das caras que apresentam o telejornal e o único que ainda tolero é o da 2 – até porque dá a uma hora a que consigo assistir. Tenho sede de novidades, da excitação das primeiras vezes. Estou cansada de pensamentos já pensados e de palavras já ditas. Ultimamente ando um bocado pedante – sim Andreia, tens toda a razão mas só hoje – tenho a mania ou convicção de que o meu tempo é precioso, que a perdê-lo com algo ou com alguém, só com ele, com o meu Afonso, tudo o resto é desperdício. Ele conserva toda a pureza e ingenuidade tipicamente infantis, cândido e incauto, sincero mas feliz. Ele tem todo o desejo de viver e de crescer mas não tem as manhas, as maldades ou interesses, nem os vícios dos crescidos. Ele por vezes lembra-me o que já perdi, o que já fui. Não tenho paciência para romances ou notícias de cordel, ou conversas de encher chouriço. Eu agora tenho a derradeira tarefa, o ofício supremo, eu agora sou mãe.

Nenhum comentário:

Postar um comentário