De vez em
quando encontro papéis antigos metidos no meio de recados novos, listas,
desejos, enfim. Dá-me gosto encontrá-los, assim como me dá gosto viajar neste
blog e ver o que fiz no mesmo dia o ano passado, ou de há dois ou três atrás. É
a nostalgia, e a perspectiva das coisas que me agrada. Há pouco tempo encontrei
uma lista de coisas que queria fazer em 2014, algumas fiz em 2015. Aprender
chinês era um sonho muito antigo, fazer uma tatuagem também. Adiar as coisas não
faz sentido, às vezes de tão simples que é pô-las em prática, mas pensando bem,
não poderia ter sido tão bom realizá-las numa outra altura. Não faria tanto
sentido. O tempo relativiza algumas coisas, que deixam de ser prioridades na
nossa vida, mas também apura outras, que se tornam desejos mais concretos, entroncados
e elaborados mas sobretudo mais oportunos. Só nesta minha segunda vida,
consegui viver os meus tão desejados natais futuros,
só nesta segunda vida tive a coragem de enviar o meu livro a várias editoras e vê-lo
ganhar vida. Mas também só agora tudo isto fez sentido.
Em Setembro
recebi o já habitual email da Isabel, com o calendário para um novo ano lectivo.
Seria desta? Consultei o horário, era mais confortável do que nos outros anos,
aulas ao Sábado de manhã. Ainda assim cruzava com o inglês do Afonso. Desisti. Passado
uns dias vou jantar com uns amigos que me disseram que se tinham inscrito no
Mandarim, fiquei a pensar naquilo, eu também queria tanto. No dia seguinte vejo
que no Odisseias as aulas que eu queria estavam com um desconto irrecusável. Achei
que era um sinal :).
Aliás três sinais seguidos para ser impossível não perceber. Liguei para a minha mãe, arranjámos uma solução. Liguei para a Isabel e inscrevi-me no primeiro trimestre. A este seguiram-se inevitavelmente os outros dois. A professora, Isabel Figueiredo Paula, super motivadora e simpática puxa por nós todo o ano demonstrando um enorme gosto por aquilo que faz e que deixa transparecer na forma como dá as suas aulas.
Aliás três sinais seguidos para ser impossível não perceber. Liguei para a minha mãe, arranjámos uma solução. Liguei para a Isabel e inscrevi-me no primeiro trimestre. A este seguiram-se inevitavelmente os outros dois. A professora, Isabel Figueiredo Paula, super motivadora e simpática puxa por nós todo o ano demonstrando um enorme gosto por aquilo que faz e que deixa transparecer na forma como dá as suas aulas.
Este ano
fiz vários investimentos em mim, uns mais pequenos, outros maiores, mas todos
muito desejados. Faziam certamente parte de uma lista qualquer, da de 2014 que
encontrei no outro dia, ou desta de 2010. Há-de chegar o dia em que também recebo o meu email ao futuro (ainda me
lembro tão bem do que desejei não sonhava porém que o futuro me surpreenderia).
Na próxima
semana faço o exame mundial de Chinês nível 1. Não faço ideia de como vai
correr, por enquanto ainda me parece tudo muito difícil. Independentemente do
resultado sei duas coisas. Adoro estudar e provavelmente fá-lo-ei de diferentes
formas e em diversas matérias até ao fim da vida, porque para além do
investimento pessoal que representa, abre-me horizontes e faz-me sentir concretizada.
Duas, que para os miúdos, independentemente da nota, sou uma referência, um
pouco à semelhança de achar que verem-me nas mesas de voto os irá influenciar na
construção da sua cidadania e na tomada de consciência do seu dever cívico. Também
ver-me a estudar e a querer aprender com esta idade (quase 40), espero, os
inspire a querer continuar sempre a aprender.
E ao fim de
um ano desta aventura, não sou fluente mas já consigo dizer muitas coisas. Já sei
dizer o meu nome Chinês e o de muitos colegas, falar do tempo, das horas,
perguntar por um hospital, ou por um táxi, perguntar o preço de uma roupa, ou
cantar os parabéns. E um dia, um dia ainda hei-de ir à China!
Xièxiè Xīng Lǎoshí, Wǒ hên xǐhuān xuéxí hànyǔ.
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