5.6.15

O chinês e eu


De vez em quando encontro papéis antigos metidos no meio de recados novos, listas, desejos, enfim. Dá-me gosto encontrá-los, assim como me dá gosto viajar neste blog e ver o que fiz no mesmo dia o ano passado, ou de há dois ou três atrás. É a nostalgia, e a perspectiva das coisas que me agrada. Há pouco tempo encontrei uma lista de coisas que queria fazer em 2014, algumas fiz em 2015. Aprender chinês era um sonho muito antigo, fazer uma tatuagem também. Adiar as coisas não faz sentido, às vezes de tão simples que é pô-las em prática, mas pensando bem, não poderia ter sido tão bom realizá-las numa outra altura. Não faria tanto sentido. O tempo relativiza algumas coisas, que deixam de ser prioridades na nossa vida, mas também apura outras, que se tornam desejos mais concretos, entroncados e elaborados mas sobretudo mais oportunos. Só nesta minha segunda vida, consegui viver os meus tão desejados natais futuros, só nesta segunda vida tive a coragem de enviar o meu livro a várias editoras e vê-lo ganhar vida. Mas também só agora tudo isto fez sentido.
 
Em Setembro recebi o já habitual email da Isabel, com o calendário para um novo ano lectivo. Seria desta? Consultei o horário, era mais confortável do que nos outros anos, aulas ao Sábado de manhã. Ainda assim cruzava com o inglês do Afonso. Desisti. Passado uns dias vou jantar com uns amigos que me disseram que se tinham inscrito no Mandarim, fiquei a pensar naquilo, eu também queria tanto. No dia seguinte vejo que no Odisseias as aulas que eu queria estavam com um desconto irrecusável. Achei que era um sinal :).
Aliás três sinais seguidos para ser impossível não perceber. Liguei para a minha mãe, arranjámos uma solução. Liguei para a Isabel e inscrevi-me no primeiro trimestre. A este seguiram-se inevitavelmente os outros dois. A professora, Isabel Figueiredo Paula, super motivadora e simpática puxa por nós todo o ano demonstrando um enorme gosto por aquilo que faz e que deixa transparecer na forma como dá as suas aulas.
 
 
Este ano fiz vários investimentos em mim, uns mais pequenos, outros maiores, mas todos muito desejados. Faziam certamente parte de uma lista qualquer, da de 2014 que encontrei no outro dia, ou desta de 2010. Há-de chegar o dia em que também recebo o meu email ao futuro (ainda me lembro tão bem do que desejei não sonhava porém que o futuro me surpreenderia).
 
Na próxima semana faço o exame mundial de Chinês nível 1. Não faço ideia de como vai correr, por enquanto ainda me parece tudo muito difícil. Independentemente do resultado sei duas coisas. Adoro estudar e provavelmente fá-lo-ei de diferentes formas e em diversas matérias até ao fim da vida, porque para além do investimento pessoal que representa, abre-me horizontes e faz-me sentir concretizada. Duas, que para os miúdos, independentemente da nota, sou uma referência, um pouco à semelhança de achar que verem-me nas mesas de voto os irá influenciar na construção da sua cidadania e na tomada de consciência do seu dever cívico. Também ver-me a estudar e a querer aprender com esta idade (quase 40), espero, os inspire a querer continuar sempre a aprender.
 
E ao fim de um ano desta aventura, não sou fluente mas já consigo dizer muitas coisas. Já sei dizer o meu nome Chinês e o de muitos colegas, falar do tempo, das horas, perguntar por um hospital, ou por um táxi, perguntar o preço de uma roupa, ou cantar os parabéns. E um dia, um dia ainda hei-de ir à China!
 
Xièxiè Xīng Lǎoshí, Wǒ hên xǐhuān xuéxí hànyǔ.
   谢谢 实, 我 很 喜欢 学 习汉语

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