Abril é para mim um mês
querido. Um mês de mudança, um mês de coragem, um mês desejado. Um mês em que
precisei de toda a força para mudar o que não estava bem há já muito tempo. O
que ninguém mudou por mim, apesar das palavras, apesar dos actos, durante anos.
Saber que o amor não existe deveria ser o bastante, mas nunca foi. E quando
ninguém nos liberta temos de ser nós, em algum dia, porque a vida é nossa para
viver. Saber o que se quer e coragem para seguir esse caminho é tudo o que
precisamos, o resto vem. Ao fim de três anos gostaria que o balanço fosse
diferente em tanta coisa, mas no essencial superou as minhas expectativas.
Tenho tendência a esquecer-me de valorizar este lado mas eu sei que a vida só
faz sentido assim, com um grande amor ao nosso lado. O vosso sorriso é tudo o
que eu preciso para me sentir completamente feliz. O Afonso é a minha pessoa e
tu és a minha escolha, mas este mês, este mês é só meu. Porque eu não escolhi
em nome de ninguém, escolhi-me a mim. E não há pacote de açúcar como o pacote
em branco, para escrevermos o que quisermos.
Ao Afonso só espero dar o exemplo
de que devemos lutar muito pela nossa felicidade, afinal de contas nós somos
responsáveis por ela. Nem tudo é como esperávamos e o que começa de uma forma
pode resultar de outra não obstante as nossas melhores intenções. Mas a verdade
é que nunca perdemos o que não é verdadeiramente nosso para perder e as pessoas
não nos pertencem. O peso que atribuímos a isso, e o peso em que nos
transformamos para os outros, aquela forma como lidamos com os revezes da vida
é que nos define. É a nossa acção, a nossa palavra, a nossa franqueza. A
intenção por detrás do gesto. É por isso que quero que lutes pela tua verdade,
não pela verdade sórdida, quero que sejas sincero com os teus sentimentos, não
sincero por conveniência, quero que cresças sabendo que a palavra que se dá é
para se manter, não para voltar atrás, até porque tudo isto faz a diferença no
carácter dos homens. Mas acima de tudo quero que saibas que não podemos obrigar
ninguém a viver a nossa verdade connosco e que é preciso respeitar a liberdade
e as escolhas dos outros sobretudo quando elas são diferentes das nossas, e
mesmo quando isso nos custa muito. Gostar também passa por isso. A nossa
liberdade termina onde a do outro começa.
Também nas coisas pequenas
é um mês de mudança, estou na última embalagem do meu chá com leite,
descontinuado infelizmente. Rendi-me às alpercatas e adoro a minha
prenda antecipada do dia da mãe, Paez de cores bonitas e que dão um andar tão
bom, bem melhor do que andar descalça.
No fim-de-semana sem miúdos
visitámos a Adega Mãe, uma homenagem dos filhos Riberalves à sua mãe. Uma
adega feminina, bonita, moderna, com vinhos excelentes e que merece uma visita.
Nas paredes gravada a inscrição «Os homens são o que as mães fazem deles.».
Nestas semanas que antecedem o dia da mãe fizemos uma mão para a escola com uma
tatuagem chinesa. Sabes o que dizer à Dina quando ela perguntar o que quer
dizer? Wo Ai Ni mamã. Eu também meu amor, e adoro poder dizê-lo em várias
línguas. O meu gabinete está cheio de desenhos, e tem alturas que parece a
escola. Não me importo nada.
Quase a fazer 6 anos verifiquei
na consulta que nunca esteve tão bem, vê bem, está óptimo das amígdalas e há vários
meses que não toma um antibiótico. Engordou 6 Kg desde a operação em Novembro. Está feliz,
crescido, meigo. Fez as vacinas com distinção, sem resistir, sem chorar e
ganhou dois diplomas, um por cada vacina. Faz as questões certas, tem uma
imaginação maior que a minha. As nossas conversas diárias davam um belo livro.
Ontem de manhã antes de irmos para a escola disse-me que achava que Jesus era
um fantasma porque já tinha morrido e andava no meio de nós mas nós não o víamos.
Deixa-me muitas vezes sem argumento na sua inocência.
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