3.10.13

Eu e os super-heróis


Travo uma luta titânica com os super-heróis. É uma luta antiga e um bocado inglória. Afinal de contas eu sou apenas uma mãe e eles são SUPER-HERÓIS. A questão é que eu gostava que eles usassem menos armas, lutassem menos e fossem menos violentos, mesmo que em causa esteja o planeta Terra e a população mundial. Mas isto sou eu e os super heróis podem mais do que eu. Desde miúdo que o tento proteger o Afonso destas coisas, ao ponto dele quando está a brincar com outros rapazes usar uma asa de frango de plástico para fazer de pistola. Eu sei que não o posso proteger para sempre, que ele é rapaz e que estas coisas fazem parte, mas no meu entendimento ele tem tempo e há tantas alternativas menos violentas. Quando me divorciei a psicóloga da escola que avaliou o Afonso falou-me nisto, de como podemos oferecer-lhes alternativas para não promover a violência numa altura mais conturbada. Hoje é o Afonso que diz, mãe estes desenhos são para crescidos. Sei que no pai os hábitos não são iguais aos da casa da mãe. Sei que na escola brincam aos Gormitis e mesmo com o «mano do coração» a brincadeira preferida é ao Star Wars, mas também sei que os sabres de luz não existem, e que nele, Afonso, vence sempre o lado bom da força. O Afonso é um menino meigo e amoroso, e enche-me de orgulho que seja beijoqueiro e meloso, e que diga à boca cheia «Eu amo-te mamã.» sem reversas nem complexos. Tenho consciência porém, que em certas ocasiões me vai surpreender com o que já sabe, e vai sempre arranjar formas mais elaboradas e criativas de contornar as minhas regras. Ontem de manhã imitava um zombie com os braços levantados, e quando lhe perguntei como é que ele sabia que os zombies andavam e faziam assim, falou-me nuns bonecos que a avó deu. Até eu já cedi num ou noutro brinquedo, que não vendem as tartarugas Ninja sem os seus acessórios, mas, se eu puder, vou prorrogar esta fase de inocência mais um bocadinho (até aos 18 era o idealJ). É que as guerras, as armas químicas, o buling, não são infelizmente ficção científica e é tão bom ser criança e não conhecer ainda esta realidade.

Sei no entanto que cada vez será mais difícil a minha luta. Afinal de contas como é que eu explico ao Afonso que brincar com espadas é feio se o Zorro usava uma? E que não devemos lutar como o Super-homem, quando ele até salva as pessoas?

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