Dias

Os bolbos floresceram, os Jarros invadem o quintal. O André desmontou o quarto das visitas, a mãe trouxe a máquina da costura, antiga e linda que só dá vontade de a namorar. E lá me estreei e lá cozi dois pedaços a direito e ideias não me faltam. Em troca prometi ensiná-la a fazer compras no Jumbo online. Acho que vai ficar fã.

Nunca tive grande jeito para esperar. Sempre quis tudo demasiadamente rápido, sempre vivi com urgência. Por outro lado também sempre gostei muito de provérbios, e de histórias. Sempre adorei Confúcio. Daí que hoje um amigo contou-me esta história e eu gostei de a ouvir: Era uma vez um camponês chinês, muito pobre mas sábio, que trabalhava a terra duramente com o seu filho. Um dia o filho disse-lhe: "Pai, que desgraça, o nosso cavalo fugiu." 

Porque lhe chamas desgraça? Respondeu o pai. Veremos o que nos traz o tempo. 

Passados alguns dias o cavalo regressou acompanhado de uma linda égua selvagem. Pai, que sorte. Exclamou o rapaz. O nosso cavalo trouxe outro cavalo. 

Porque lhe chamas sorte? Respondeu o pai. Veremos o que nos traz o tempo." 

Uns dias depois o rapaz quis montar o cavalo novo mas este, não acostumado à sela, encabritou-se e deitou-o ao chão. 

Na queda, o rapaz partiu uma perna. Pai, que desgraça, parti a perna. O pai, retomando a sua experiência e sabedoria, disse: Porque lhe chamas desgraça? Veremos o que nos traz o tempo. 

O rapaz não se convencia da filosofia do pai. Poucos dias depois passaram pela aldeia os enviados do rei à procura de jovens para levar para a guerra. Foram a casa do ancião, viram o jovem debilitado e deixaram-no, seguindo o seu caminho. 

O jovem compreendeu então que nunca se deve dar nem a desgraça nem a fortuna como absolutas mas que, para se saber se algo é mau ou bom, á necessário dar tempo ao tempo. 

A moral deste Antigo Conselho Chinês é: A vida dá tantas voltas e é tão paradoxal no seu decorrer que tanto o mau pode vir a ser bom, como o bom pode vir a ser mau. 

Assim, esperemos o dia de amanhã com Alegria e vivamos o de hoje em Plenitude.