Sempre fui muito impaciente, sou por natureza stressada e apressada e detesto ter de esperar ou ficar parada. Uma gravidez de risco obrigou-me a ficar nove meses quieta literalmente a engordar. Ou seja, como se não bastasse ter de esperar nove longos meses pelo bebé, ainda tive de estar em casa a descansar.
Nove meses passados o Afonso nasceu mas muitos quilos a mais ficaram, deixando-me naturalmente a típica angústia do pós-parto que as mamãs tão bem conhecem. Passei de parturiente a puérpera, nome feio para uma fase também ela menos bonita. Dizem os especialistas que inconscientemente a mulher sofre neste período por se recordar ela própria do seu nascimento e passagem pelo canal de parto, e por, ao ser mãe deixar em parte de ser filha, significando o corte do cordão umbilical também uma amputação de uma parte do seu corpo e uma separação de algo que era apenas seu e se encontrava num ambiente protegido, para o exterior, com a consequente obrigação de partilha e exposição ao perigo. Não me recordo de sentir tudo isto, mas lembro-me perfeitamente de sentir muitas coisas ao mesmo tempo e de me comover e irritar com muita facilidade e lembro-me perfeitamente de sentir que não gostava de me ver ao espelho. Até aqui a barriga era redonda e grande porque encerrava um tesouro cujo valor era directamente proporcional ao seu tamanho. Quanto maior a barriga mais valioso o tesouro. Porém o tesouro foi descoberto e desenterrado e a barriga ficou não tão volumosa, mas ficou. Esperar que tudo voltasse ao lugar sem dietas loucas que comprometessem a amamentação ou a saúde, foi o mais difícil. A alergia do Afonso ao ferro obrigou-me a comer mais peixe, trocar o elevador pelas escadas tornou-se uma obrigação e assim que terminou o período de um mês após o parto comecei a ginástica.
Orgulho-me assim de dizer que no dia em que o Afonso fez 2 meses voltei a utilizar a minha aliança e hoje heroicamente vesti pela primeira vez umas calças de ganga de antes da gravidez - as maiores que tinha no armário, ainda faltam uns quilinhos para as restantes - porém, umas calças de ganga!
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