30.12.19

Bruxelas - O que comer e beber


Já esperava gostar de muita coisa mas confesso que não esperava gostar de tudo! Foi dos países que visitei até hoje onde comi melhor, melhor do que em Paris! 

Começando do início, marcámos com antecedência (aconselhamos) mesa num restaurante cuja especialidade era Moules (mexilhões) que eles servem num tachinho cheio de molho e que pode ter vários temperos e variedades. Como adoramos a versão portuguesa (Moules & Gin) achámos que valia a pena ir a um bom restaurante. Le Chou de Bruxelles já ganhou vários prémios e tem mais de vinte variedades de Moules. No entanto um tachinho teria dado para os dois pois a dose é bastante generosa. É acompanhado da típica batata frita grossa. O ambiente do restaurante é giríssimo com imensas fotos de famosos e de Jacques Brel, bem como caricaturas do Tintin e miniaturas do Manneken Pis (o famoso menino que faz xixi). O restaurante dispõe de menu infantil. Achei imensa piada aos guardanapos com a bandeira e às gomas com o formato do menino na altura da conta.

Exceptuando este e o último dia, comemos muita street food em roulotes e barraquinhas que existem por toda a cidade. Imagem o seguinte cenário, andar a pé com o carrinho de bebé, sem guarda chuva, mais de 20 minutos, chuva miúda mas um ar tão gelado que não sentíamos a ponta dos dedos e nariz, e chegarmos a uma barraquinha que servia chocolate quente, vinho quente, batatas e almondegas, foi tão bom como encontrar um oásis no deserto. O vinho quente primeiro estranha-se mas depois entranha-se. Sabe bem com o frio e o sabor a especiarias remete para o Natal. O chocolate quente é maravilhoso sobretudo se for a acompanhar uma waffle acabadinha de fazer. Aliás em Bruxelas todos os doces são maravilhosos, passando pelos macarrons e acabando nos chocolates. As lojas de bombons e tabletes artesanais populam a cidade. Em todo o lado se pode comprar o fantástico chocolate belga e em alguns locais podemos pedir para fazer a gosto.

Comemos também uma variante de Chicons au gratin (Endívias gratinadas) no mercado de natal na Place Sainte-Catherine, servidos numa massa tipo creme estaladiço, eu comi de cogumelos selvagens e o Carlos de vários queijos. É maravilhoso, quente e reconfortante como a comida das nossas mães. 

Em relação ao café é bom mas caríssimo, o preço médio de um café anda nos 3/4€. No entanto no supermercado o preço é semelhante ao nosso e descobri um descafeínado longo para a Dolce Gusto que não há cá e é fabuloso (infelizmente está no fim). 

Em relação à cerveja e apesar de não ser a maior apreciadora gostei bastante. Experimentámos uma de Natal no Delirium, um bar enormíssimo que fica em frente à Jeanneke Pis (a menina que faz xixi) e que tem praticamente todas as cervejas do mundo.

No último dia, depois de passearmos pela Place du Jeu de Balle almoçámos por ali no restaurante In Den Blauwe Lemmen, despretensioso mas caseiro, com decoração e música vintage, económico e com um atendimento 5 estrelas. Foi lá que provámos a famosa Carbonnades Flamandes (carne refogada em cerveja belga) e que estava uma delícia. 

Seguramente fomos muito felizes em Bruxelas em grande medida graças a esta variedade gastronómica fantástica. Só não engordámos nada porque andámos cerca de 7 kms por dia. 

Trouxemos a mala cheia de waflles e chocolates! Espero que estejam a gostar de viajar connosco e curiosos pelos próximos posts!

Pode gostar também destes posts: 1; 2 e 3.

Poderão gostar também de outras viagens com ela - Viagem à MadeiraSaïdiaa Paris e a Amesterdão


Já nos seguem aqui no Instagram?

28.12.19

Viagem a Bruxelas - onde ficar


Fomos a Bruxelas na Bélgica no início de Dezembro. Não tinha férias de Natal desde os meus tempos de estudante. Nunca a levo para o frio porque teve tantas bronquiolites em bebé e demorou tanto tempo a ganhar força e estamina que a protejo de qualquer brisa mais forte.

E não sei bem como, mas chegámos a Dezembro sem ela nunca ficar doente e com férias por gozar e decidimos, porque merecemos, fazer esta viagem mesmo que isso incluísse temperaturas negativas. (Que grandes malucos!). Acreditam que nunca tinha visto um aeroporto decorado com luzes de Natal?

O nosso apartamento era lindo e super central. Espero que gostem das fotos e dicas da viagem, que irei partilhar neste e noutros posts.

Comprámos os bilhetes de avião com alguma antecedência pelo que conseguimos um óptimo preço na Ryanair online. O voo decorreu sem grandes atrasos e sem problemas.

Quanto ao Aparthotel Residence Agenda escolhemos pelo Booking. Estava completamente equipado, máquina de loiça, secador e ferro de engomar incluído. O apartamento era bem aquecido e a vista das muitas janelas para as ruas movimentadas mas com vidros bem insonorizados. Tinha fácil acesso a transportes públicos e super mercados.

Visitámos o Atomium, o Museu da BD, e o Museu Magritte. Fomos ao mercado de natal e ao mercado de antiguidades na Place Jeu de Balle que fica no bairro cheio de Street Art e lojas giríssimas de tão diferentes.

Fomos poucos dias e tentámos aproveitar ao máximo. Escolhemos aquilo que fazia mais sentido para nós e tentámos comprar os bilhetes com antecedência pela Internet. No caso do Atomium valeu bem a pena.

Também reservámos pela Internet o restaurante  Le Chou de Bruxelles para a primeira noite. Falarei do maravilhoso prato que comemos próximo post e noutras experiências gastronómicas de Bruxelas.

Na cidade deslocámo-nos de Ubber, de Metro (a Constança andou pela primeira vez) mas sobretudo a pé.

Outros posts de Bruxelas: aqui; aqui e aqui.

Poderão gostar também de outras viagens com ela - Viagem à Madeira, Saïdiaa Paris e a Amesterdão.


Já nos seguem aqui no Instagram?

20.12.19

Halloween


E falar do Halloween no Natal? Bem, os posts por aqui andam atrasados é um fato, mas muito tem acontecido. Até férias em Dezembro, que é um first desde que era miúda e estudava, mas isso fica para outro post. 

O nosso Halloween foi diferente, desta vez e apesar de ter uma Constança mais entusiasta com estas coisas, não decorei a casa toda. Arranjámos uma máscara para ela, para participar numa actividade do Inglês - Helen Doron Day Cascais - e teve festa na escola. Depois o fim-de-semana acabou por coincidência por ser demasiado intenso para extras. 

Domingo os mais velhos e o pai foram fazer uma aula de surf com a APS a Carcavelos. Depois de voltarem fomos a um brunch no Hotel Real Palácio de Oeiras, que para além de ter toda a comida inspirada na temática do Halloween ainda tinha actividades para os miúdos com uma animadora, com direito a pinturas faciais e desfile do Dia das Bruxas. 

Os miúdos ficaram almoçados e dali voámos para Lisboa, mesmo a tempo de eu e a Constança vermos o musical dos Super Wings na Aula Magna. Obrigada Família Pumpkin! Acho que a Constança aproveitou de verdade, esteve sempre super atenta e divertiu-se imenso. E eu adorei fazer este programa de mãe e filha. 

Em casa o Halloween acabou por ser mais calmo, com direito a capuccinos, sessões continuas de Harry Potter e Macarrons.

E por falar em preparativos e dias festivos, tudo pronto para o Natal por aí?

PS - As T-shirts giras das andorinhas que os miúdos têm vestidas são da Think Out Portugal, que, para além dos símbolos nacionais mais icónicos têm os dizeres mais originais. O processo de estampagem é em serigrafia manual, o que a torna mais durável. Se ainda te faltam prendas passa pelo site e espreita. 


Já nos seguem aqui no Instagram?

17.12.19

No reino da noite - Conto de Natal


Participei na Colectânea de Contos de Natal da Chiado Editora, pela segunda vez. O lançamento foi no Sábado, no Hotel Pestana Palace em Lisboa. É sempre um prazer enorme participar nestas colectâneas, porque encaro os convites como desafios, e porque para mim escrever é tão natural como respirar. O sitio já me diz muito, gosto do ambiente daquele hotel, das pessoas que partilham esta paixão e se cruzam. E muito embora os contos não sejam propriamente a minha narrativa de eleição, pela minha reduzida capacidade de síntese, sinto que estou a progredir.

Hoje partilho convosco o meu conto, espero que gostem. Foi inspirado numa miúda que sigo no Instagram e que também tem um blog aqui



«Rita nascera para a enfermagem. Não a querendo exercer em portugal emigrara para Inglaterra onde podia receber horas extra e fazer carreira. Inicialmente estar longe de casa fora uma bênção mas depressa se revelara um enorme desafio. Faltava-lhe a comida, o clima, mas sobretudo os seus. Porém, os dias passavam à velocidade da luz. Terminados os turnos não carecia de nada excepto uma cama, e essa era tão fofa em Londres como em Portugal. As férias de Verão eram sonhadas durante o ano. Já o Natal era diferente pois ficava sempre de banco.Rita não se importava. Conseguia desligar a saudade como separar o horror da humanidade. Se inicialmente escolhera esta profissão pro ser considerar sensível ao sofrimento alheio, sentindo verdadeiro apelo e vocação, rapidamente se apercebeu que para ser boa enfermeira tinha de ganhar distância à dor e gerir bem as emoções para não quebrar. Sangue e dejectos humanos eram simples matéria prima que tratava com desprendimento e desenvoltura. A matemática da profissão era outra, a dos sorrisos e vidas concertadas. Esse era o seu Natal.

Recentemente fora implementada rotatividade obrigatória no Hospital. As alterações feitas a alguns dias do Natal impossibilitaram conseguir um voo para casa. Passaria pela primeira vez a consoada sozinha em Londres. A colega de apartamento estava de turno. Inicialmente evitou pensar mas depois o assunto atormentou-a. Mais do que estar, Rita sentia-se só. Tinha 30 anos, era emigrante, sem marido nem filhos. Faltava-lhe o colo dos pais, irmão e sobrinhos tão intensamente que doía. Precisava de uma enfermeira para cuidar dela. Esta avalanche de sentimentos consumiu-a. Decidiu passear numa loja de caridade, os livros sempre a animavam, mas ao avistar contos de Natal debandou. Reparou então numa belíssima caixa, com enfeites reluzentes e um soldadinho perneta perfeito na sua imperfeição. Rita cedeu e começou a chorar, tanto, que a lojista lhe ofereceu um lenço e um enfeite. Rita não conseguiu recusar e trouxe um pingente igual ao da avó Margarida. Determinada, delineou um plano, decidida a ser a sua própria enfermeira. Pesquisou leilões de voo, procurou alternativas em conta. Nada. No plano B cozinharia bacalhau e ligaria à família por video-chamada, mas não encontrou bacalhau. No dia 24 tentou fazer sonhos mas fracassou e acabou por almoçar arroz com atum. À tarde estava tão deprimida a ver o Sozinho em Casa que chorou compulsivamente.

Quando a colega conseguiu trocar o turno e a obrigou a arranjar-se, Rita ficou reticente. Foram a um restaurante português em Piccadilly Circus, comeram cabrito, ouviram a Orquestra Sinfónica Portuguesa e brindaram com conterrâneos como se fossem família. Depois da videochamada para os pais adormeceu com o coração apaziguado. Contudo, quando pela manhã a campainha tocou e viu toda a família à porta, foi a loucura total. Conseguiram bilhetes e decidiram surpreendê-la. Foi o melhor Natal! Na mala a mãe trouxera bacalhau e fez um verdadeiro banquete. O que a profissão ensinara e Rita esquecera é que o valor das coisas é relativo. O que verdadeiramente importa fala baixinho ao coração.» in Natal em Palavras, Colectânea de contos de Natal Vol. II


Já nos seguem aqui no Instagram?